por Amauri Gonzo
Foto: Divulgação
As cenas de violência em “Extermine Todos os Brutos” chocam logo de início. A série documental do diretor haitiano Raoul Peck, que também fez Jovem Marx e Não Sou Seu Negro, estreou em abril na HBO Max.
Foto: Maximilian Bühn is licensed under CC BY-SA 4.0.
Amauri Gonzo, editor da Ponte, comenta que, apesar de ser bem violenta, a série trata com precisão o nível abjeto do horror da escravidão, da colonização, do imperialismo e do genocídio.
Foto: Divulgação
Raoul Peck se inspirou nos livros “O Coração das Trevas”, de Joseph Conrad, e “Exterminate All The Brutes”, de Sven Lindqvist, que tratam do brutal processo de colonização feita por países europeus.
Logo no primeiro episódio, Extermine Todos os Brutos relembra a declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre matar uns 30 mil” para falar sobre a violência neofascista.
Amauri diz que a série mostra que essa violência é resultado lógico do processo de dominação e extermínio de populações periféricas, sob a ideologia do supremacismo branco ancorada no desenvolvimento da Europa capitalista.
Frame de 'Extermine Todos os Brutos' | Foto: Reprodução
“Peck inclusive se insere dentro da série (para ele, “a neutralidade não é uma opção”), misturando a história com passagens autobiográficas e por vezes refletindo sobre o próprio processo e necessidade de se fazer a obra.”
Frame do traile do documentário Extermine Todos os Brutos
O diretor também traz nos quatro episódios que narra animações que retratam eventos históricos da era pré-fotografia e imagens de arquivos que desafiam o olhar colonizador dos fotógrafos.
Frame do traile do documentário Extermine Todos os Brutos
“Ao colocar o colonialismo e imperialismo no centro do debate sobre fascismo e genocídio, Peck consegue traduzir de forma direta e sofisticada um complexo debate acadêmico”.
Para Amauri, seria muito importante ver séries como sendo retratadas por brasileiros, colombianos, angolanos, vietnamitas, paquistaneses para que refletissem suas realidades locais.