Especialistas relatam que atual governo reforça histórico de adesão ao fascismo existente no país. Capital paulista teve novos episódios de violência e palavras de ordem nazistas na última semana
Ações de grupos neonazistas, que retornam às ruas sem pudor e com violência, se somam ao discurso de ódio propagado nas redes sociais. A lei 7.716, de 1989, diz que veicular, vender ou divulgar símbolos do nazismo é crime e pode gerar uma pena de reclusão de dois a cinco anos.
Segundo levantamento da PF, casos de crimes de apologia ao nazismo no deram um salto, principalmente a partir da eleição de Jair Bolsonaro. Em 2014, foram registrados apenas 4 casos, enquanto em 2019 foram 69 registros. O recorde da série histórica do levantamento foi batido em 2020 com 110 casos.
Acompanhando a movimentação dos grupos neonazistas, a jornalista Letícia Oliveira avalia que “o discurso do presidente naturaliza o discurso desses grupos extremistas” e lembra que até mesmo membros do governo ficaram marcados por fazerem referências ao nazismo.
Grupos influenciados pelos regimes alemão e italiano já se formavam no Brasil na época da Segunda Guerra Mundial. O integralismo, comandado por Plínio Salgado, é tido como o maior movimento fascista fora da Europa e também utilizou símbolos e saudações.
A partir dos anos 2000, o país registrou um número crescente de ataques violentos de grupos de extrema-direita como os skinheads, acusados das mortes de Edson Neri, em 2000, no centro de São Paulo, e Johni Galanciak, em 2011, em uma casa de shows na zona oeste da cidade.
Alexandre Almeida, membro do Observatório da Extrema Direita da Universidade Federal de Juiz de Fora, afirma que apesar de boa parte dos grupos serem pequenos, o movimento como um todo têm ganhado novos adeptos e possui diversos perfis.
A organização neonazista foi criada na Ucrânia e tem grande influência na extrema direita brasileira. “A Misanthropic Division tem uma quantidade pequena de pessoas na rua, mas que faz algum barulho. A maior parte das ações deles está na internet”, explica Alexandre.
“Tanto no Brasil, quanto no exterior, é mais difícil identificar esses grupos apenas pela questão estética. Além disso, os grupos supremacistas brancos e neonazistas passaram a usar um tipo de comunicação mais sutil entre eles, dificultando a sua identificação”, ressalta o pesquisador.