Reportagem de Jeniffer Mendonça Imagens: Divulgação
O mês de maio ficou marcado por episódios de violência policial que chocaram o país. Tanto a chacina na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, quanto o assassinato de Genivaldo Jesus dos Santos, em Umbaúba (SE), tiveram o envolvimento de agentes da Polícia Rodoviária Federal.
A corporação atuou em uma operação conjunta com o Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar) que vitimou 26 pessoas no Complexo da Penha, zona norte da capital fluminense.
Em seguida, um vídeo que viralizou nas redes, mostra como agentes da PRF de Sergipe transformaram uma viatura em câmara de gás e mataram Genivaldo Jesus, homem negro com esquizofrenia, durante uma abordagem.
À Ponte, Bruno Langeani, gerente de projetos do Instituto Sou da Paz, comentou quais os fatores que levaram a esse aumento da violência por parte da Polícia Rodoviária Federal.
A atuação da PRF no Complexo da Penha (RJ) e em Umbaúba (SE) mostram uma “bolsonarização” dessa força e um alinhamento político com os interesses do presidente Jair Bolsonaro, avalia Langeani.
“Esse alinhamento de ação e político tem remunerado a Polícia Rodoviária Federal com uma série de benesses. Eles têm tido um número maior de autorização para concursos e cargos, estão tendo anúncios de aumento de salários superiores a outras forças.”
“O que eu acho que choca ali desse episódio é que tudo acontece à luz do dia, os policiais sabem que tem série de testemunhas, sabem que estão sendo filmados, e mesmo assim nada disso causa a interrupção dessa sessão de tortura”, critica.
Para o pesquisador, o controle falho do Ministério Público e a falta de mudança no comportamento e nos protocolos acabam contribuindo para que casos como o de Genivaldo se repitam.
Bruno Langeani aponta que aumento no uso da força mostra um despreparo das polícias nas abordagens feitas em pessoas com transtornos e com deficiência.