O QUE APRENDEMOS COM LINN DA QUEBRADA NO BBB22

Por Caê Vasconcelos Imagens: Divulgação/Reprodução

A notícia de que Linn da Quebrada seria uma participante do BBB 22 causou um misto de sentimentos em Caê Vasconcelos, jornalista e homens trans que é grande admirador da cantora.

A presença da primeira travesti da história do maior reality show do país por um lado, marcou a representatividade e a visibilidade do ativismo trans, e por outro, causou preocupação: como o público reagiria? Como ela seria tratada pelos brothers e sisters?

Logo no início do programa, Lina sofreu com diversos tipos de transfobia. A que mais se repetiu foram os erros no uso do pronome, mesmo ela tendo tatuada na testa a palavra ELA.

“A gente que é transvestigênere, porém, sente isso na pele todos os dias, em todas as interações sociais. Mas essa dor foi potencializada. Foi a prova de que a tal passabilidade (ideia da cisgeneridade de uma pessoa transvestigênere que pode “se passar” por uma pessoa cis) não nos protege”.

Caê Vasconcelos 

Dentro da casa, Lina se identificou com a trajetória de Jessilane Alves e Natália Deodato, duas mulheres negras de origem periférica, e criou laços de acolhimento e afeto com as “comadres”, mas não deu tanta sorte nas provas.

Caê acredita que as motivações para Lina ter sido eliminada são um reflexo de que vivemos em uma sociedade transfóbica, racista, machista e elitista. Durante o confinamento, Lina foi alvo de ameaças e transfobia nas redes sociais.

“Um “erro” de Lina na frente de dezenas de câmeras, com milhões de pessoas assistindo, sempre vai ter mais peso do que um erro de um participante cishétero, branco com grana no bolso”

Caê Vasconcelos 

Mas, nada apaga a trajetória e a potência de Lina no BBB. A cantora entrou na casa carregando suas lutas e marcou a "linnderança" com uma festa no estilo ballroom, voltada ao acolhimento e politização da população LGBT+.

“Lina conseguiu furar a bolha de pessoas trans e pessoas aliadas. Conseguiu impactar muita mãe, pai, tio, tia, avô e avó que passaram a amá-la. O Brasil torceu, sim, para uma travesti. Torceu e aprendeu a amar. Esse avanço não tem mais volta”.

Caê Vasconcelos 

A admiração por Lina Pereira veio desde que Caê assistiu ao documentário “Bixa Travesty”, que conta a vida e carreira da cantora, e teve a certeza de que era um homem trans.

Ao lembrar da entrevista que fez com Lina em 2018 e a mensagem que recebeu dela antes do BBB, Caê agradece a ela todo impacto de sua história e por ser potência e coletividade.