Tribunal apontou que versão de legítima defesa é questionável; Silvio Neto declarou ter reagido a tentativa de roubo, mas testemunha disse que cabo entrou no bar junto com a vítima, Clayton Lima
A Justiça determinou que o cabo Silvio Pereira dos Santos Neto, 29, que matou o jovem negro Clayton Abel de Lima, 20, dentro de um bar na zona norte de São Paulo em agosto de 2020, será levado a júri popular.
O caso foi revelado pela Ponte e gerou repercussão nas redes sociais. Era sábado, dia 7 de agosto, quando o policial Silvio, de folga, atirou contra Clayton durante uma discussão em um bar na Vila Medeiros.
Aos policiais que atenderam a ocorrência, o PM alegou que tinha sido vítima de assalto e havia reagido. No entanto, o dono do estabelecimento, que presenciou a ação, diz que Silvio e Clayton chegaram juntos ao local.
A testemunha também diz que, na discussão, Silvio acusou Clayton de ter furtado seu celular e atirou contra ele. Uma perícia da Polícia Civil apontou que o aparelho foi encontrado dentro do carro do policial.
Em audiência, o PM apresentou outra versão dizendo que havia ingerido bebida alcoólica e que Clayton o teria oferecido droga antes de chegarem ao bar.
Silvio também afirmou que não teria dado voz de prisão a Clayton pois este o levaria até o traficante “que lhe vendeu e armazenava as drogas”.
A investigação mostrou que Clayton estava apenas com seu documento de identidade e seu cartão bancário, sem nenhuma arma ou celular.
O júri contesta a conduta do PM que não seguiu o procedimento operacional da padrão e diz que não houve comprovação da legítima defesa.
A magistrada também determinou que o policial não poderá recorrer da sentença em liberdade. Entenda os detalhes na reportagem de Jeniffer Mendonça.