Confira fotos e o relato do fotógrafo indepentende e colaborador da Ponte Jornalismo Gabriel Uchida, que estava no comício do Partido Democrático dos Povos (HDP), realizado na “capital curda” do país a dois dias da eleição local
Duas explosões ocorreram em Diyarbakir, no sudeste da Turquia, por volta das 11h55 (horário de Brasília), durante um comício do Partido Democrático dos Povos (HDP), a dois dias da eleição geral no país. O ataque ocorreu em uma praça do local, que é conhecido como a capital curda no país, pouco antes do discurso do presidente do partido, Selahattin Demirtas.
O fotógrado Gabriel Uchida, da Ponte Jornalismo, está no local de forma independente. O profissional informa que ocorre uma reunião no momento para reposicionar tudo. Confira, abaixo, o relato pessoal de Uchida e as fotos que ele tirou do ataque.
“Diyarbakir é considerada a capital curda na Turquia – a cidade fica a 3 horas, de carro, de Kobane, local conhecido pelas guerrilhas curdas. Os dois povos estão em conflito. A eleição ocorre neste domingo (7). Recentemente, houve outro ataque no escritório do HDP, partido curdo que é o braço político da guerrilha e que significa a luta do povo curdo. Na ocasião, duas bombas explodiram e 6 pessoas ficaram feridas – 3 gravemente.
Hoje era um comício muito importante por conta da eleição, por ser na capital e porque unia todo o povo curdo. Havia milhares de pessoas no comício desde às 16h e a cidade inteira estava em festa.
A primeira bomba falhou, mas foi um barulho forte. Na hora, já lembrei do ataque no escritório do HDP e fui para um lugar mais aberto, longe de lixos, banheiros e qualquer coisa do tipo. Era impossível sair do lugar, milhares de pessoas espremidas e eu estava lá na frente.
Depois de uns 30 minutos, teve a segunda explosão. Dessa vez, forte. Eu estava perto e só senti o baque, o ouvido zunindo e o clarão alto. Aí começou o corre-corre: pessoas carregando feridos, gente chorando… aquele inferno.
Como tinha muita gente e as ambulâncias estavam longe, muitas pessoas foram levadas em carros normais. Aí começou a treta com a polícia. Gás de pimenta, canhão de água, gente atacando tudo. Vieram pra cima de mim também. Pra aguentar o gás, peguei uma bandeira do HDP e enrolei no rosto. Isso fez com que as pessoas me olhassem com estranheza pela câmera, mas ninguém mais me atacou. Quando falavam comigo, eu fingia que nao ouvia.
Foi isso. Um caos e mais um ataque de vários que têm acontecido.”
Fotos de Gabriel Uchida, para a Ponte Jornalismo: