Miliciano ligado a Flávio Bolsonaro é morto e família de Marielle questiona: 'Ele teria mais informações?'

    Ex-policial militar Adriano Magalhães da Nóbrega foi morto por autoridades baianas, na manhã deste domingo (9/2), durante buscas em casa que usava para se esconder

    Armas e celulares apreendidos em casa de ex-PM | Foto: Divulgação/SSP-BA

    O ex-policial militar apontado como chefe de um grupo de milícia que atua na zona oeste do Rio de Janeiro Adriano Magalhães da Nóbrega foi morto durante uma ação de autoridades da Bahia, na manhã deste domingo (9/2), no município baiano de Esplanada (a cerca de 170 km de Salvador).

    Adriano era investigado pela morte da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Pedro Gomes, em março de 2018. O ex-policial tinha ligação com a família Bolsonaro. Flávio já havia o homenageado com uma medalha, enquanto o ex-PM estava preso, e o presidente o defendeu de acusações enquanto ainda era deputado federal.

    Após a notícia do assassinato do ex-PM, a família da vereadora usou as redes sociais, via Instituto Marielle Franco, para fazer um questionamento: “Será que ele poderia ter mais informações sobre quem mandou matar Marielle?”.

    De acordo com a SSP-BA (Secretaria de Segurança Pública da Bahia), a ação em busca do ex-policial militar contou com equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais, da Companhia Independente de Policiamento Especializado do Litoral Norte do Estado, do Grupamento Aéreo e da Superintendência de Inteligência da pasta.

    As autoridades baianas iniciaram as investigações para localizar Adriano, que era foragido da Justiça do Rio de Janeiro, após informações recebidas pela polícia da Bahia de que ele buscava esconderijo no Estado.

    Ainda segundo da pasta, “no momento do cumprimento do mandado de prisão ele resistiu com disparos de arma de fogo e terminou ferido”. Ele chegou a ser socorrido e conduzido a um hospital da região, mas não resistiu aos ferimentos.

    Na casa do ex-policial militar, as autoridades baianas encontraram uma pistola (que ele teria usado para atirar nos policiais), um revólver e duas espingardas, além de 13 aparelhos celulares que foram apreendidos e devem ser enviados para perícia.

    O caso foi registrado no Draco (Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado) da Bahia, que deve investigar a ocorrência.

    O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) usou as redes sociais para comentar sobre o ex-policial. “Adriano deveria estar sendo investigado pela relação com a família Bolsonaro. O hoje senador Flávio Bolsonaro deu uma medalha a ele enquanto Adriano estava preso, Jair Bolsonaro o defendeu quando era deputado federal, familiares de Adriano trabalhavam no gabinete de Flávio, na época em que ele era deputado estadual”, disse.

    Além disso, o ex-PM era amigo de Fabrício Queiroz, que trabalhou como assessor parlamentar do senador Flávio Bolsonaro — enquanto este era deputado estadual. Conforme reportagem do UOL, a amizade dos dois teria começado entre o final dos anos 1990 e início do anos 2000, enquanto Adriano atuava no Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais).

    Segundo o MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), Queiroz usou contar bancárias controladas pelo ex-policial para lavar dinheiro obtidos em esquema no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro).

    Reportagem do portal UOL ainda aponta que Adriano participou de ao menos oito homicídios entre os anos de 2006 e 2009, a mando do contraventor José Luiz de Barros Lopes, conhecido como Zé Personal.

    “Com um ‘currículo’ desses, a primeira coisa que uma investigação séria deveria priorizar era tentar retirar o máximo de informações de Adriano”, escreveu a página do Instituto Marielle Franco nas redes sociais. A irmã da vereadora, Anielle Franco, também compartilhou o posicionamento em suas redes sociais.

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