Protesto em São Bernardo (SP) termina com um ferido por bomba da GCM

    Grupo se manifestava em frente à casa do secretário de cultura por causa de cobrança de aluguel de espaço público para realização da Batalha da Matrix e, mesmo com fim do ato, guardas lançaram bombas para dispersão

    Ação da GCM (Guarda Civil Metropolitana) de São Bernardo feriu uma pessoa durante protesto na noite da última quinta-feira (8/2). O ato aconteceu em frente à casa do secretário de cultura da cidade, Adalberto Dal Guazzelli, por cobrar aluguel de evento cultural em uma praça da cidade.

    Segundo os manifestantes, a manifestação durou cerca de 2h, entre o local de concentração e a chegada ao prédio onde mora Guazzelli. A intenção era dialogar pelo fato de a prefeitura cobrar aluguel do parque municipal para o evento de aniversário da Batalha da Matrix, encontro com batalha de rap. Sem a presença do secretário para conversar com os manifestantes, o grupo decidiu ir embora.

    “Depois de 1h15 na frente da casa dele, mais ou menos, estávamos saindo quando surgiram as bombas da GCM pelas nossas costas”, conta Lucas do Vale, MC e um dos organizadores da Batalha. “A gente percebeu que os guardas estavam ali na maldade e decidimos sair. Quando viramos a esquina, tacaram as bombas”, prossegue.

    Estilhaço de bomba atingiu barriga de manifestante | Foto: reprodução/Facebook

    A ação dos agentes feriu uma pessoa, atingida por estilhaços de uma das bombas lançadas. Os participantes do protesto não souberam determinar quantos artefatos foram lançados na  direção do grupo.

    Na sexta-feira (9/2), membros da Batalha se reuniram com representantes da prefeitura na Secretaria Municipal da Cultura, novamente sem a presença do secretário Adalberto Dal Guazzelli. Ficou definida uma reunião para a tarde do dia 16 deste mês. A intenção é realizar a comemoração do aniversário de cinco anos da Batalha no dia 6 de maio, um domingo, véspera da data exata do aniversário.

    Privatização

    Os representantes do grupo explicam que a prefeitura usa o fato de que o parque será privatizado para justificar a cobrança de aluguel. “Fizemos o pedido alegando que não precisaríamos de estrutura, levaríamos tudo, era só reservar a data. A resposta foi negativa. O secretário enviou uma carta dizendo que passaria a ser cobrado aluguel para realizar eventos culturais no parque”, explica Lucas.

    Protesto durou cerca de 2h | Foto: Daniel Oliveira/Batalha da Matrix

    “Estão mudando em um primeiro passo de privatizar os espaços públicos. Isso afeta bastante a cultura hip-hop. A negativa de reservar o espaço era por isso, pois passará a ser cobrado”, diz.

    A Batalha da Matrix ocorre todas as terças-feiras em uma praça em São Bernardo do Campo, diferentemente do espaço pedido para a realização da comemoração. O MC, que também é professor, cita que nos aniversários anteriores não tiveram problemas para fazer a reserva.

    “A pista de skate é uma área histórica para a juventude da cidade. É um absurdo cobrarem e decidimos nos manifestar casa dele. A decisão fere lei municipal, onde está previsto que cidadãos podem ter a iniciativa e, em contrapartida, tem a doação de alimentos ou roupas. Só empresas pagam aluguel, só marcas na divulgação de seu trabalho, os cidadãos, não”, sustenta.

    Guardas jogaram bombas para dispersar o ato | Foto: Daniel Oliveira/Batalha da Matrix

    Outro lado

    A Ponte enviou, por e-mail, um pedido de posicionamento da Guarda Civil Metropolitana de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, mas até o fechamento da reportagem não havia resposta.

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