Criança em casa

Estudos e especialistas apontam que a tecnologia não deve ser vista como solução

Câmera na farda: por que equipamento está longe
de ser uma ‘revolução’
na letalidade policial

Reportagem por: Jeniffer Mendonça
Fotos: Divulgação/Polícia Militar

Body Cams são revolução?

Promessa antiga de SP, a implementação de câmaras nas fardas dos policiais retornou em 2021 e repercutiu quando mortes praticadas pela PM de 15 batalhões caiu a zero. No entanto, o equipamento está longe de ser a solução para o problema.

Violência policial

Após anos de testes e negociações, a medida só foi anunciada após uma série de ocorrências e o recorde de letalidade policial em 2020.

Diante da pressão, o governador João Doria, que durante a campanha dizia que a Polícia Militar iria “atirar para matar”, mudou o discurso na avaliação de especialistas após o massacre de Paraisópolis em 2019.

Uma tese de doutorado tenente-coronel Robson Cabanas Duque, que hoje gerencia o projeto das body cams, mostrou que o primeiro teste feito em 4 batalhões de SP, em 2017, não deu certo por falta de adaptação dos policiais aos modelos.

Fase de testes

As câmeras implementadas em 2021 pelo governo paulista ficam ligadas de forma ininterrupta pelo turno de 12 horas. Mas, é preciso que os PMs acionem a gravação durante as ações para que o vídeo tenha som e uma resolução maior.

Como funcionam?

Segundo levantamentos, as taxas de letalidade policial reduziram, e até chegaram a zero, nos batalhões em que os aparelhos foram implementados. No entanto, não há dados disponibilizados por batalhões.

Primeiros meses

A diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno, avalia que as experiências internacionais no uso das body cams apontam mais para a proteção do policial do que a redução da letalidade.

É preciso cautela

"As body cams são instrumentos importantes, mas não são uma panaceia, e até mesmo entre os estados no Brasil é difícil fazer comparações porque as polícias também são diferentes", ressalva.

Barbara Fernandes, do Instituto Igarapé, considera que diversos "fatores institucionais e culturais importantes que impactam no uso da força pela polícia e na redução do uso excessivo da força".

Sobre o funcionamento das câmeras, o promotor Eduardo Ferreira Valério, do Ministério Público do estado de SP, se preocupa com a falta de diretrizes públicas e possíveis mudanças por contratos comerciais. Clique no link e entenda todos os pontos na reportagem.


De olho nas negociações