Jovem que espancou adolescente por vaga é ‘um menino bom’, diz empresa

    Supermercado Violeta afirma que rescindiu contrato com empresa de vallet após manobrista atacar menino de 16 anos

    Supermercado onde ocorreu o espancamento | Foto: Google Street View

    Representantes do supermercado Violeta e da empresa de vallet CVP se pronunciaram publicamente pela primeira vez, neste sábado (9/12), sobre o caso de espancamento do adolescente A.D., 16 anos, por causa de uma vaga de estacionamento, no Butantã, zona oeste da cidade de São Paulo. O adolescente foi brutalmente espancado enquanto trabalhava na banca de jornal do pai, na última segunda-feira (4/12), por um manobrista identificado como Guilherme de Paula.

    Por telefone, Walter Soares Costa, procurador legal da empresa CVP, disse à Ponte que Guilherme sempre apresentou bom comportamento. “Só sei dizer que o Guilherme é um menino de família, é um menino bom, vinha fazendo um trabalho bom na empresa. Só que ouviu uns cara lá, acabou navegando nas ideias e deu no que deu”, lamentou.

    O procurador legal conta a versão de Guilherme da história. “O horário de trabalho dele era até as 19h. Ele convidou o irmão e mais um amigo, voltou e foi pra cima do menino da banca de jornal. Segundo ele, o A.D. vinha provocando ele há muito tempo e acabou virando birra”, diz.

    Costa ressalta que Guilherme teria dito que, nesse meio tempo, estava com a cabeça quente porque um desafiava o outro. “Eu não sabia de nada, como eu tenho outros postos, eu teria colocado o Guilherme em outro lugar. Só que ele não me falou que estava passando por esses problemas, eu teria resolvido isso se ele me falasse que queria sair de lá porque senão ia fazer besteira”, conta.

    O representante da CVP afirma que, segundo Guilherme, as provocações já estavam acontecendo havia cerca de dois meses e ele estava se segurando para não chegar a uma atitude extrema. “Nesse dia ele não aguentou. Guilherme me disse que o A.D. falou que era do crime, que ele não sabia com quem estava mexendo. Para ele não ficar por baixo, usou o porte físico, e, como ele é grandão e forte, acabou acontecendo isso tudo”, relata.

    Costa disse que a empresa está ajudando a família, mesmo sabendo que os parentes da vítima pretendem mover uma ação contra a CVP. A Ponte não conseguiu falar com a família para confirmar essa informação.

    Contrato rescindido

    Já os representantes do supermercado Violeta, onde ocorreu a agressão, afirmam que o episódio os “traumatizou”. O diretor operacional do Violeta, Eduardo Carvalho, conta que rescindiu o contrato com a CVP após o espancamento de A.D.

    Segundo Carvalho, a CVP prestava o serviço havia mais de dois anos e sempre havia sido muito elogiada pelos clientes. “Isso nos traumatizou, a partir de agora estamos recrutando currículos e vamos ter uma equipe nossa. Lamentamos as pessoas da empresa CVP que foram demitidos sem terem nada a ver com o ocorrido”, declarou à Ponte.

    Questionado sobre a falta de suporte à família, Carvalho disse só ter conseguido o contato da mãe, Brígida Palapoli, no dia da manifestação realizada por parentes e moradores da redondeza em frente ao supermercado, na última quarta-feira (6/12). “Após essa fatalidade, estamos em contato com a família todos os dias, inclusive deixamos um carro a disposição para levá-los ao hospital. Em nenhum momento fugimos da nossa responsabilidade, o que mais queremos é que A.D. se recupere logo”, diz.

    Neste sábado, o supermercado Violeta emitiu a seguinte nota:

    “Lamentamos e repudiamos profundamente o acontecido, não aprovamos e não compactuamos com nenhuma forma de violência. Sendo assim, prontamente foram tomadas as providências possíveis junto a empresa que administra o nosso estacionamento.
    Também prestamos todo o auxílio que nos cabia para auxiliar na apuração dos fatos.
    A empresa responsável pelo estacionamento já entrou em contato com a família do rapaz, assim como tomou as providências legais com o seu funcionário.
    No mais, desejamos um pronto restabelecimento ao A.D.”.

    A Secretaria da Segurança Pública (SSP) do governo Geraldo Alckmin disse em nota que os policiais civis do 51º DP (Butantã) investigam o crime.  “A princípio, a motivação das agressões teria sido por desentendimento relacionado à vaga de veículos, em frente ao comércio”, confirmou.

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