Segundo testemunhas, caso aconteceu na tarde da última quarta-feira (25/03), no extremo da zona leste de São Paulo. Polícia Militar diz que instaurou inquérito para apurar ocorrência
Moradores da região conhecida como Favela da Ilha, no Parque Santa Madalena, no extremo da zona leste da cidade de São Paulo, relatam que dois policiais militares da Rocam (Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicleta) foram em uma viela da comunidade por volta das 18h da última quarta-feira (25/03) e um deles começou a disparar em direção a um jovem que estava no local.
“Viram o rapaz na entrada da viela e, por alguma razão, devem ter considerado que era suspeito. Foi o suficiente para se aproximar, parar a moto, apoiar o pé no chão e começar a dar tiros para dentro da viela, sem falar nada”, explica um morador sob condição de anonimato. Quando percebeu que o policial iria atirar, o jovem teria corrido pela viela e conseguido escapar.
Em seguida, testemunhas relaram que chegou o segundo policial militar e começou a questionar a ação do primeiro. Ninguém foi detido, nada foiapreendido e sequer a ocorrência foi registrada, conforme informou a Secretaria de Segurança Pública.
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Segundo moradores, os disparos efetuados pelo policial militar atingiram janelas e roupas que estavam estendidas em varais. Uma criança de 11 anos e um homem estavam na viela no momento dos disparos. “Eles não se importaram com a gente”, disse a menina.
Moradores afirmam ainda que os policiais ainda voltaram e recolheram cápsulas que ficaram no local. Ninguém ficou ferido na ação. “Graças a Deus, não saiu nenhuma criança na hora dos tiros. Para nós que moramos aqui, não tem respeito. Para essa raça, nenhum de nós prestamos”, disse uma moradora da viela, de 28 anos.
Após dizer que não havia nenhuma ocorrência registrada para o local e data apontados pelos moradores, a SSP afirmou que o 19º Batalhão da Polícia Militar, respável pelo patrulhamento na área, instaurou um IPM (Inquérito Policial Militar) para apurar o caso.
Na noite de sexta-feira, moradores registraram a ocorrência digitalmente na Ouvidoria de Polícias. Procurado pela reportagem, o ouvidor Elizeu Soares Lopes disse que deve ter acesso ao registro da denúncia na próxima segunda-feira (30).