Ato pede a prisão de mulher que fez ataques racistas contra comediante Eddy Jr

Ativistas, artistas e políticos participaram da manifestação em frente ao condomínio onde ocorreram as ofensas contra o humorista

Foto: Gil Luiz Mendes / Ponte Jornalismo

“Agora vai ser assim. Toda vez que houver um episódio de racismo, nós vamos para cima”. Com essas palavras o advogado Ewerton Carvalho puxou a manifestação nesta quinta-feira (20/10) em frente ao edifício onde o humorista Eddy Jr foi vítima de ataques racistas da aposentada Elizabeth Morrone e seu filho, no bairro da Barra Funda, zona oeste da cidade de São Paulo. De megafone na mão, Ewerton foi categórico: “que o Ministério Público, do estado de São Paulo, peça agora um mandado de prisão contra Elizabeth Morrone e seu filho racista”.

O ato reuniu artistas, ativistas e políticos, que vestidos de preto gritaram palavras de ordem e se posicionaram afirmando que a partir de agora toda agressão racial será respondida com manifestações na rua e não mais apenas com notas através da internet. “A gente já não aguenta mais ver as pessoas se indignando em redes sociais e não causando um constrangimento, um terror moral.”

Na última terça-feira (18/10), Eddy Jr publicou vídeos mostrando que a vizinha que se recusou a entrar no mesmo elevador que o humorista, proferindo ofensas racistas contra ele. “Cai fora, macaco. Imundo”, disse Morrone nas imagens divulgadas. Em setembro, as câmeras de monitoramento do prédio flagraram dois dias em que Elisabeth Morrone e seu filho vão até a porta de Eddy Jr com uma faca e uma garrafa em mãos.

Indignado com o que viu pela TV, o cantor Salgadinho foi um dos primeiros a chegar na manifestação. Para ele, as imagens são claras e não deixam dúvidas de que o que houve contra Eddy Jr foi um ataque racista. “A gente fica totalmente à deriva e à margem da sociedade no aspecto da proteção e que se cumpram as leis contra o racismo. Ainda [teve] algumas emissoras de TV que ‘ah vamos ouvir o que ela tem a falar’, mas falar o quê? Foi um flagrante”, declarou o músico.

Humorista como Eddy Jr, o ator Paulo Vieira também compareceu ao protesto em solidariedade ao colega e lembrou que mesmo que um negro consiga ascender socialmente, o racismo sempre estará presente em sua vida. “Esse ato escancarou para todo mundo assim, de maneira muito forte, que não adianta você ganhar dinheiro, virar uma estrela, o racismo vai te atravessar”.

“É horroroso, é triste, mas a gente está aqui para mostrar que não vai ficar assim e que não pode ser tratado como algo normal, como infelizmente é”, comentou o também humorista Yuri Marçal, presente no ato.

Outros vizinhos de Eddy Jr também fizeram questão de participar da manifestação e se mostrar contrários ao ato de racismo ocorrido dentro do condomínio onde moram. Ana Cláudia Gonçalves espera que Elizabeth Morrone seja punida por seus atos dentro do prédio. “Todos estão indignados com a atitude dela. Esperamos que  medidas sejam tomadas. A gente veio aqui para apoiar”.

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Dentre as reivindicações feitas pelo grupo que participou do ato estão a manifestação do Ministério Público de São Paulo para que denuncie e peça à Justiça a prisão de Elisabeth Morrone pelo crime de racismo, injúria racial e ameaça, e que o condomínio entre com ação judicial pedindo a expulsão da moradora do prédio.

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