GCMs de Vitória (ES) perdem cargo após recusarem expulsar aposentados da prefeitura

    Servidores aposentados aguardavam chegada de outros manifestantes para iniciar um protesto quando o prefeito teria pedido para guardas tirarem grupo à força do local. Prefeitura diz que pedido foi para acabar com aglomeração

    Servidores participaram da manifestação após aguardar em prédio da prefeitura | Foto: Sindipúblicos ES

    O prefeito de Vitória (ES), Lorenzo Pazolini (Republicanos), exonerou dois GCMs (guardas civis municipais) de suas funções, na última quarta-feira (18), por causa de uma recusa de repressão a servidores municipais aposentados que aguardavam dentro da prefeitura pelo início de uma manifestação que aconteceria do lado de fora do prédio. 

    As informações foram dadas por guardas que estavam na ocorrência, mas pediram anonimato por medo de novas punições. A Prefeitura de Vitória, no entanto, afirma que as exonerações tiveram “caráter exclusivamente administrativo, visando dinamizar rotinas e adequar o perfil operacional da gerência de Proteção Comunitária, priorizando o tirocínio e a meritocracia”.

    Servidores públicos da ativa e aposentados estão organizando diversas manifestações na capital capixaba há cerca de três meses para questionar um desconto na remuneração previsto em uma lei aprovada no município no início do ano. 

    Na quarta-feira, um grupo de servidores aposentados foi à prefeitura para participar de um desses atos. Antes de começar a manifestação, no entanto, o grupo entrou no prédio da administração municipal com o objetivo de se proteger da chuva. 

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    Quando o prefeito viu os aposentados dentro da prefeitura, ordenou que os GCMs que atuam no local tirassem o grupo à força. Segundo os guardas, como os servidores não estavam fazendo bagunça ou cometendo qualquer ato infracional, sugeriram ao prefeito para que não os obrigassem a sair do local. 

    O prefeito seguiu com a ordem, e o chefe da GCM disse que iria conversar com os outros guardas para saber como proceder. Após conversa, os agentes disseram que não tinham motivos para forçar a retirada dos aposentados da prefeitura, que é um espaço aberto ao público. 

    Cerca de 25 guardas seguiram no local acompanhando os servidores aposentados, que depois se juntaram ao segundo grupo que chegou no local para realizar a manifestação do lado de fora da prefeitura. O protesto aconteceu sem imprevistos e acabou sem conflitos. 

    Por meio de nota, a prefeitura disse que “pautou toda a ação pelo diálogo, razoabilidade e bom senso, visando preservar a integridade física e a saúde dos idosos que participavam do ato, dos demais cidadãos que buscavam atendimento na sede da PMV [Prefeitura Municipal de Vitória] e dos servidores, já que havia intensa aglomeração no interior do Palácio Municipal, configurando flagrante desrespeito aos protocolos sanitários contra a covid-19, além de intensa poluição sonora prejudicando a manutenção de serviços essenciais à população”. 

    Depois da manifestação, ainda na quarta-feira, Pazolini publicou no Diário Oficial a exoneração de Marcelo Luiz Francisco, o responsável pelos guardas que atuaram na ação, da função gratificada de chefe de equipe de agentes comunitários de segurança, e de seu superior, Josmar Luiz Dias, que deixou a função gratificada de coordenador operacional cidadã. 

    A exoneração foi do cargo exercida por determinação do prefeito, mas os dois seguem como guardas e devem voltar às funções que desenvolviam antes do atual prefeito, na vigilância, fiscalização e segurança municipal. 

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