Governo afasta diretora que chamou PM para seus alunos

    Vídeos mostram chutes e socos dados por policiais, que ainda apontaram arma para adolescentes: ‘não era caso de chamar a PM’, diz secretário

    Quatro PMs que atuaram na Emygdio de Barros foram afastados pela corporação | Foto: Reprodução/Facebook

    O governo de São Paulo afastou a diretora Lucila Folgosi, que administrava a Escola Estadual Emygdio de Barros, no Rio Pequeno, zona oeste da cidade de São Paulo, em que PMs agrediram estudantes na noite desta terça-feira (18/2).

    Vídeos obtidos pela Ponte mostram socos e chutes dados por policiais em ao menos dois alunos. Um dos PMs ainda saca a sua arma e aponta em direção aos estudantes, que se revoltaram com a violência.

    Segundo a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, a diretora da Emygdio de Barros “não faz mais parte do quadro de funcionários da unidade”. A pasta não informou quem a substituirá no cargo.

    A secretaria ainda afirmou que instaurou uma apuração para entender o que aconteceu na noite de terça-feira e que “colabora com a polícia para esclarecer os fatos”.

    Em entrevista à Globo News, o secretário de educação de São Paulo, Rossieli Soares, explicou que a investigação envolverá “todas as possibilidades”. “Nós, olhando de fora, entendemos, por enquanto, que não era um caso para se chamar a polícia”, afirmou.

    Os PMs teriam sido chamados para retirar o estudante David Harly, 18 anos, da escola. Ele não teria encontrado seu nome na lista de alunos e conversou com a diretora, que, segundo ele, ameaçou chamar a polícia.

    Três policiais o esperam na saída da sala e, quando ele passou, um deles o atingiu com um soco. “Eles me chamaram pelo nome na porta da sala e disseram: ‘se você não sair, a gente vai te pegar’. Aí eu falei que não precisavam encostar em mim que eu desceria, aí nisso eu levei um soco na boca”, contou. As agressões continuaram do lado de fora, conforme as imagens.

    Quatro dos PMs que atuaram na detenção do adolescentes foram afastados pela corporação até o fim da apuração do caso. Até lá, eles seguirão em trabalho administrativo, quando ficam fora das ruas, mas mantém o recebimento normal de seus salários.

    Na delegacia, Lucila Folgosi explicou que o estudante havia sido desligado da escola por falta de frequência e por ter um histórico de indisciplina. O 91º DP (Ceasa) registrou boletim de ocorrência por desacato, resistência, lesão corporal e ameaça.

    Uma manifestação contra a ação policial vai acontecer nesta quinta-feira (20/2), a partir das 18h, na frente da escola Emygdio de Barros.

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