Grupo de 53 PMs é preso suspeito de contribuir com o PCC

    Suspeitos integravam o mesmo batalhão da polícia na zona sul de São Paulo e responderão por corrupção, associação ao tráfico de drogas, entre outros crimes

    Foto: Divulgação/SSP

    O MP (Ministério Público) e a Corregedoria da Polícia Militar prenderam nesta terça-feira (18/12) 53 policiais militares sob a suspeita de facilitarem a atuação do PCC (Primeiro Comando da Capital). Todos integram o mesmo batalhão na zona sul de São Paulo, o 22ºBPM/M (Batalhão de Polícia Militar Metropolitano), no Jardim Marajoara.

    Segundo as investigações da Corregedoria e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo), os envolvidos praticavam um “esquema de corrupção sistêmico”. No total, 54 PMs tiveram mandados de prisão decretados, além de cinco outras prisões, estas de civis – um sexto civil, sem ligação com a apuração, foi preso suspeito de atuar no tráfico. Apenas um PM não foi preso por estar de férias e não ter sido encontrado, enquanto dois civis estão igualmente foragidos.

    O grupo responderá por corrupção passiva, concussão, associação ao tráfico de drogas, integrar organização criminosa, “além de outros ilícitos penais militares e comuns”, conforme nota divulgada pelo MP. Além dos mandados de prisão, foram cumpridos 86 mandados de busca e apreensão em 19 municípios de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

    Nas buscas foram encontradas armas, munições, droga, dinheiro, celulares, pen drives e computadores em poder dos traficantes. Todos os suspeitos têm prisão temporária, sem tempo limite para ficarem presos. Os PMs aguardarão detidos no Presídio Romão Gomes, na zona sul de São Paulo, local específico para policiais que respondem pela prática de crimes.

    Em nota, a PM explicou que a operação é reflexo de trabalho investigativo comandado pela Corregedoria desde fevereiro deste ano e contou com participação de promotores de Justiça e agentes do MP. “Mais detalhes não podem ser divulgados devido ao IPM (Inquérito Policial Militar) estar em segredo de Justiça”, explicou a corporação.

    Os trabalhos apuraram 82 mil ligações telefônicas interceptadas para detalhar a forma de atuação do grupo criminoso. As prisões aconteceram após recolhimento de provas documentais e materiais, conforme explicado pelo MP. Além dos promotores, 450 policiais militares atuaram na prisão dos “irmãos de farda”.

    Para Rafael Alcadipani, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e integrante do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), este tipo de operação é bem-vindo para retirar das ruas policiais supostamente envolvidos com ações ilegais. “Importante que as investigações continuem para saber qual o tamanho do problema, se temos um batalhão inteiro envolvido… Não uma coisa trivial. Existe a possibilidade de ser algo maior”, avalia o especialista, apontando que a corrupção policial é um elemento de vida para o crime organizado.

    “Impossível uma fação ter prevalência sem que haja anuência implícita de alguns membros de grupos policiais. Como fazer para que as armas chegam no país, saiam de São Paulo, o tráfico de drogas exista… São coisas que sabemos ser uma realidade, a proporção que chama a atenção”, explica Alcadipani.

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