Milhares vão às ruas de São Paulo em defesa da democracia

Ato nesta segunda (9) após tentativa de golpe em Brasília reuniu 75 mil pessoas, segundo organização; homem sacou arma de brinquedo contra participantes, mas foi desarmado pelos próprios manifestantes

Foto: Daniel Arroyo / Ponte Jornalismo

Um ato em defesa da democracia no Brasil, organizado por entidades da sociedade civil e movimentos populares como a Frente Povo Sem Medo e a Coalizão Negra por Direitos, reuniu, segundo ois organizadores, 75 mil pessoas na Avenida Paulista, na região central de São Paulo, na noite desta segunda-feira (9/1).

A manifestação ocorre um dia após a tentativa de golpe realizada por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que invadiram, vandalizaram e saquearam os prédios do Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal, sedes do legislativo, executivo e judiciário federal, respectivamente.

Foto: Daniel Arroyo / Ponte Jornalismo

O ato, chamado 24 horas antes, começou às 18h em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp). No carro de som, personalidades como o deputado estadual paulista Eduardo Suplicy (PT) se revezavam no microfone: “as obras de Cândido Portinari foram destruídas, e é preciso que as pessoas que destruíram esse patrimônio do povo brasileiro venham a pagar esse prejuízo formidável”. Quadros, tapeçarias e obras de valor inestimável foram destruídas e saqueadas pelos golpistas, incluindo uma tela de Di Cavalcanti avaliada em R$ 8 milhões. O filisteísmo atingiu níveis abissais, com “patriotas” literalmente mijando em uma tapeçaria de Burle Marx no Senado.

“Hoje é o início de uma mobilização permanente contra o golpismo”, declarou o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), sob os gritos de “Bolsonaro na prisão” do público. Logo antes, Junior Rocha, liderança da Coalizão Negra, comemorou: “estamos aqui provando que o Brasil não é dos fascistas!”.

Nos cartazes, recados breves e diretos: “Sem anistia. O fascismo não vencerá”, “Cadeia para Bolsonaro e seus generais”. Na camiseta de uma professora, uma comparação comum nesses últimos dias: “Imaginem se fossem nós, os professores?”. Completando o clima, quatro bonecos de papelão de Bolsonaro e seus filhos Flavio (senador pelo Rio de Janeiro), Carlos (vereador na cidade do Rio) e Eduardo (deputado federal por São Paulo), todos do PL, vestidos como presidiários de desenho animado.

“Essa invasão já estava anunciada companheiro, todo mundo já sabia, só Brasília que não. Tem que prender quem financiou, mandou ônibus, caminhão”, brinca Márcio Pereira, 52, professor da rede pública de São Paulo, fantasiado de presidente Lula (PT). O clima era bme diferente do registrado na tarde desta segunda no acampamento golpista desmontado em frente ao quartel do Exército próximo ao Parque do Ibirapuera, onde bolsonaristas agrediram jornalistas sob a leninente supervisão da Polícia Militar, que se recusou a cumprir a ordem de prisão dos acampados, dada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes.

Professor Márcio Pereira | Foto: Daniel Arroyo / Ponte Jornalismo

A manifestação terminou por volta das 21h20 na Praça Roosevelt, centro da capital paulista, depois de percorrer a Rua Augusta, com um único incidente sério. Quando grande parte do público presente já havia se dispersado, Marcos Akira Fujimoto sacou um simulacro de arma de fogo e apontou para cabeça de algumas pessoas que ainda se encontravam no local, fazendo ameaças de morte.

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O homem foi contido pelos manifestantes até a chegada da Polícia Militar, que o encaminhou para o 4º DP (Consolação). Na delegacia foi constatado que a arma não era verdadeira. Segundo o boletim de ocorrência, Fujimoto alegou, em depoimento, que havia tomado remédios controlados antes de ir ao ato. A Polícia Civil apreendeu o simulacro de arma porque o produto não tinha nota fiscal. Por não ser uma arma verdadeira, o acusado não responderá por porte de arma, mas apenas pelo crime de ameaça.

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