Danylo Amílcar, irmão de Denys Henrique, 16 anos, vai à viela em que 6 dos 9 jovens morreram em ação da PM no Baile da DZ7; pastor fala que vítimas foram encurraladas
“O Denys tinha muito futuro. Não tinha decidido ainda o que queria da vida, mas tinha certeza que ele conseguiria ser o que quisesse”. É assim que o estudante universitário Danylo Amílcar, 19 anos, define seu irmão, Denys Henrique Quirino da Silva, 16, um dos 9 jovens mortos pisoteados após ação da PM de São Paulo no Baile da DZ7, realizado em Paraisópolis, favela na zona sul da capital paulista.
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Danylo esteve na viela em que seis jovens morreram em decorrência do tumulto causado pelas bombas e violência da polícia. Quem diz não é ele, são testemunhas da ação policial. “Não teve esse negócio de fuga. O problema é que eles vieram para matar, fechando as vielas. Fecharam tudo”, revela uma testemunha à Ponte. O homem, que pede para não ser identificado presenciou a morte dos jovens, com idades entre 14 e 23 anos.
Os moradores têm tido dificuldade de entender a motivação para uma operação tão truculenta. Mas apontam que duas situações, embora não sirvam como explicação, podem dar algumas pistas: as mortes de dois policiais. A PM Juliane Santos Duarte foi sequestrada, torturada e morta em agosto de 2018, e o sargento Ronaldo Ruas foi morto em 1º de novembro deste ano. Relatos de moradores apontam que, especialmente depois do assassinato de Ruas, ficou nítido o aumento da presença ostensiva da polícia na comunidade.
“Teve uma troca de tiros na Hebe [Camargo, avenida que dá entrada à Paraisópolis], foi piorando. Moradores diziam que [os policiais] vinham ameaçando que iam entrar. Muita gente disse que a polícia me parou e disse que não era para ficar na rua, que ia ter retorno o que aconteceu com o Ruas”, conta o Pastor Igor Alexander, conhecido na região como Pastor do Funk.
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