PM justifica que ameaçou vizinho de morte porque ele jogou lixo em terreno baldio

    Sargento Edjalma Andrade afirma que, durante discussão, trabalhador autônomo disse que tinha uma arma e que foi até a casa dele para averiguar

    O sargento Edjalma Andrade afirmou à TV Globo, nesta sexta-feira (30/12), que ameaçou de morte seu vizinho, um trabalhador autônomo de 28 anos, na última terça-feira (27/12), porque o flagrou jogando lixo em um terreno baldio que fica em frente à sua casa, em Bauru, no interior de São Paulo. Ele justificou que discutiu com o rapaz e sua esposa, uma professora de 26 anos, porque há uma epidemia de dengue no bairro.

    O policial militar, fardado, foi flagrado ameaçando o vizinho de morte, caso não se mudasse de casa. O caso foi revelado pela Ponte Jornalismo. De acordo com o relato das vítimas à Polícia Civil, Andrade e outros dois PMs invadiram a casa do casal no dia 27, afirmaram que iriam forjar tráfico de drogas e porte de armas contra o trabalhador autônomo. A esposa gravou o ocorrido. E os policiais afirmaram que iriam matá-los caso o vídeo chegasse à mídia e que, para eles, “não ia pegar nada”.

    “Na frente da minha residência, tem um terreno baldio e constantemente as pessoas estão jogando sacos de lixo lá. No bairro onde eu moro, está tendo uma epidemia de dengue. Do dia 25 para o dia 26 de dezembro, eu cheguei do trabalho, por volta das 3h, e flagrei este casal jogando sacos de lixo neste terreno. Eu desci do carro e os indaguei”, explicou o sargento Edjalma Andrade.

    O sargento afirma, ainda, que o vizinho afirmou que tinha uma arma durante a discussão, e, por isso, foi à casa do casal averiguar. “Depois teve a ação policial porque ele falou que tinha uma arma. Eu chamo o homem na porta da casa, o portão estava trancado e ele falou que iria pegar a chave e disse para conversarmos na área. Então, ele autorizou minha entrada. Mas dentro da casa a esposa começa a falar que eu não tinha autorização.”

    O delegado Dinair José da Silva, responsável pelas investigações, afirma que já analisou o vídeo, e que a gravação foi anexada ao inquérito, que deve ser concluído em 30 dias. “O conteúdo das imagens, em tese, é grave, mas é prematuro culparmos alguém nesse momento porque estamos no início das investigações”, disse.

    De acordo com a SSP (Secretaria da Segurança Pública), “a Polícia Civil de Bauru informa que instaurou inquérito para investigar a ocorrência, registrada como ameaça e abuso de autoridade, na Central de Polícia Judiciária de Bauru. As vítimas foram ouvidas e as imagens estão sendo analisadas. A PM foi notificada e o comando local apura o caso com auxílio da Corregedoria.”

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