Polícia investiga origem de tiro que atingiu bebê na barriga da mãe

    Bebê baleado no útero foi registrado ontem com o nome de Arthur, em Duque de Caxias (RJ). Ele corre risco de ficar paraplégico

    Claudinéia, baleada na sexta-feira em Duque de Caxias | Foto: Arquivo pessoal

    Foi registrado ontem (3/7), com o nome de Arthur, o bebê de Claudinéia dos Santos Melo, de 29 anos, baleada na sexta-feira (30/6) na Favela do Lixão, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (RJ). Grávida de 39 semanas, ela foi atingida na região da pelve. O bebê corre risco de ficar paraplégico, segundo o secretário de Saúde do município.

    Claudinéia saiu de um supermercado, passou em uma farmácia e estava indo para casa, na Favela do Lixão, quando foi atingida na Rua Frei Fidélis, próximo ao acesso à comunidade.  A ocorrência foi registrada na 59ª DP (Duque de Caxias), onde estão sendo ouvidas testemunhas, entre as quais os seis policiais militares envolvidos, cujas armas foram encaminhadas para perícia.

    De acordo com a Polícia Civil, por meio de sua assessoria de imprensa, “o fato ocorreu durante um ataque de criminosos armados contra uma viatura da Polícia Militar do 15º BPM que trafegava pela via”. Imagens das câmeras de segurança próximas ao local onde Claudineia foi baleada e da viatura da PM foram solicitadas pela delegada responsável pelo caso, Raíssa Celles.

    O primo de Claudinéia, Walter Melo, soube o que tinha ocorrido pelo marido dela, Klebson Cosme da Silva, com quem a mulher ainda conseguiu fazer contato antes de ser internada. “Ela disse pra ele que estava indo pro hospital e sentindo muita dor. Aí ele pegou os documentos dela e veio pro hospital. Ele achou que seria parto normal, ainda não tinha ciência do que estava acontecendo. Quando ele entendeu foi que ele me mandou mensagem, porque eu sou o parente mais próximo dela aqui no Rio”, conta Walter, em entrevista à Ponte.

    Lúcida, Claudinéia deu entrada antes das 19h de sexta-feira no centro cirúrgico do Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo, no Centro de Caxias, onde passou por uma cesariana de emergência. Segundo o chefe da cirurgia, Rafael José Mesquita Drumond Lopes, a bala que atingiu a mulher atravessou seu útero do lado esquerdo para o direito, provocando duas perfurações.

    “A criança teve um tiro transfixante de tórax. [A bala] entrou no hemitórax direito e ficou presa no ombro esquerdo. Também teve uma lesão no lóbulo da orelha esquerda”, afirmou Lopes ontem em coletiva de imprensa. Os dois tórax do bebê foram drenados, o quadro foi estabilizado e ele foi então transferido para o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes, no bairro de Saracuruna, também em Caxias, onde segue internado em estado grave.

    Raio-X de Arthur. Foto: Reprodução

    Arthur sofreu traumatismo craniano, com lesão nos pontos T3 e T4 da medula espinal e, até o momento, segundo o secretário de Saúde de Caxias, José Carlos Oliveira, a informação é de que poderá ficar paraplégico, mas “como é uma criança, tudo pode acontecer” e exames estão sendo feitos para avaliar os danos possíveis ao bebê.

    Internada na UPG (Unidade de Pacientes Graves) do Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo, Claudineia foi proibida de receber visitas para evitar “falar muito e ficar com o abdome distendido”, afirma o secretário.

    “O marido [Klebson] disse que ele queria ser a pessoa a dar a notícia. Então a cada dia ele fala um pouquinho mais. ‘Está no CTI etc.’ Ele é uma pessoa maravilhosa, muito calma, muito centrada”, diz Oliveira. “Estamos confiantes de que tudo vai acabar bem, que será uma grande vitória”, completa.

    O primo Walter também afirma que, na medida do possível, está “deixando a prima a par” dos fatos e que as expectativas são grandes. “O que está acontecendo com a gente é uma tristeza enorme pelo acontecido, mas graças a Deus, pelo que está sendo passado pra gente, estamos cada vez mais esperançosos com o quadro dos dois”, conta.

    Claudinéia nasceu na Paraíba e mudou-se para o Rio há cerca de sete anos. Ela trabalha como caixa geral de um supermercado no bairro de Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro. “Ela é uma pessoa muito extrovertida, espontânea, alegre. Porém, bastante reservada, não é de se expor. É um amor de pessoa, só tenho elogios a ela, é uma pessoa maravilhosa”, descreve o primo.

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