Em setembro, o capitão do Exército Willian Pina Botelho foi preso com 21 estudantes. Até hoje, governo Alckmin (PSDB) nega elo com militar
O Comando do Exército Brasileiro confirmou ter atuado em parceria com o Governo do Estado de São Paulo em ação nos protestos contra o atual presidente, Michel Temer (PMDB). Desde a divulgação do caso pela Ponte e pelo jornal El País, o governador Geraldo Alckmin (PSDB), por meio de suas pastas, negou existir qualquer operação em conjunto com as forças armadas.
“Houve, houve, houve uma absoluta interação com o governo do Estado. As pessoas precisam entender o Exército tem sido demandado para o cumprimento de várias missões fora da nossa esfera de responsabilidade primordial, vamos dizer assim”, reconheceu o comandante-geral do exército, o general Eduardo da Costa Villas Boas, em entrevista à Rádio Jovem Pan.
No dia 4 de setembro, em meio a um dos protestos contra o novo governo federal, foram presos 21 jovens nas proximidades do Centro Cultural São Paulo. Um dos detidos era Willian Pina Botelho, capitão do Exército, infiltrado nos manifestantes sob o codinome Balta Nunes – ele utilizava a rede social de relacionamentos Tinder para obter informações dos protestos e xavecar algumas manifestantes.
Botelho na foto em que se exibia como Balta, no Tinder e, à direita, vestido com traje militar
Segundo o comandante, Botelho não estava infiltrado entre os manifestantes, mas, sim, “acompanhava” os protestos. “Nós estamos muito tranquilos porque estamos absolutamente respaldados pela legislação e por medidas que haviam sido adotadas. Havia a situação dos Jogos Olímpicos, havia uma situação de segurança do presidente, estava tudo dentro deste contexto. Nós estamos tranquilos, cumprindo a nossa missão, é lógico essas investigações vão chegar a termo, mas enfim não temos preocupação”, prosseguiu.
Inicialmente, os estudantes cogitavam que Balta Nunes era integrante da PM de São Paulo. Porém, dias após o caso ser revelado, conhecidos de Willian Botelho apontaram para a reportagem ser este um membro do exército formado na Academia Militar Agulhas Negras, no Rio de Janeiro, e atuante em São Paulo desde 2015.
A SSP (Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo) alegou desde o início desconhecer a presença do capitão do Exército entre os detidos na ação no CCSP. Enquanto Botelho, questionado sobre não ter sido preso pela PM paulista junto dos demais manifestantes, apontou, em conversa no Facebook, ter subornado um delegado da Polícia Civil com R$ 1.200.
Capitão usava a rede de relacionamentos Tinder para obter informações de manifestantes
Desde o dia 23 de setembro, o MPF-SP (Ministério Público Federal de São Paulo) investiga a atuação de Botelho nas ações da polícia estadual e nas manifestações contrárias ao governo federal.
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