Soldados José Rogério de Souza e Paulo Henrique Rezende da Silva vão para o presídio militar Romão Gomes após decreto do Tribunal de Justiça Militar
Atendendo pedido da Corregedoria da Polícia Militar e do MP-SP (Ministério Público de São Paulo), a Justiça Militar, por meio da Corregedoria Permanente, decretou, às 16h30 desta segunda-feira (19), a prisão temporária, por 30 dias, dos dois PMs (policiais militares) envolvidos no caso de um rapaz morto com um tiro na nuca em Sapopemba, zona leste da capital, no domingo (11).
Os soldados da PM-SP (Polícia Militar do Estado de São Paulo) José Rogério de Souza e Paulo Henrique Rezende da Silva, que vão para o presídio militar Romão Gomes, na zona norte, afirmaram em depoimento que encontraram Alex de Moraes, de 39 anos, caído após aparentemente ter sido atropelado. Mantiveram a versão mesmo com a massa encefálica do rapaz longe do corpo. Os policiais foram procurados pela reportagem da Ponte Jornalismo esta tarde, mas, até a divulgação deste reportagem, não se manifestaram.
Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirmou que os PMs envolvidos relataram que localizaram uma pessoa ferida e que, a princípio, ela teria sido atropelada e que estava viva. “Acionaram o resgate, que a socorreu ao Hospital Santa Marcelina. O caso foi então apresentado no 69º Distrito Policial como lesão corporal culposa na direção de veículo automotor. Posteriormente, apareceram relatos de que a vítima havia sido baleada, fato confirmado na declaração de óbito”, informou a pasta.
O delegado titular do 70º Distrito Policial, Luiz Eduardo de Aguiar Marturano, que assumiu o caso por ser responsável pela área onde ele ocorreu, informou que um inquérito foi instaurado e que a PM também instaurou Inquérito Policial Militar para apuração dos fatos.
Pai de um menino de 9 anos, o vigilante Alex foi morto a tiros na madrugada de domingo (11) em Sapopemba a 200 metros de onde morava. Segundo a família da vítima, ele voltava do bico que fazia em uma casa noturna da Vila Olímpia, zona nobre da capital, quando dois policiais militares teriam atirado contra a sua cabeça.
“Os policiais estavam atrás de um cara que estava vestido de preto e de bolsa preta. Meu irmão também estava vestido assim. Não teve fuga nem nada. Acharam que era um suspeito e mataram um pai de família. Podiam ter abordado antes”, afirmou à reportagem o irmão da vítima, que não vai ser identificado por medidas de segurança.
A versão oficial de como o vigilante foi morto contradiz o que afirma a família. A investigação aponta que o vigilante estava à pé e não com uma motocicleta. Na versão inicial dos dois PMs, Alex teria sido atrolpelado por uma moto.
Representante do Centro de Direitos Humanos de Sapopemba, a advogada Valdenia Aparecida Paulino, afirmou que o médico que atendeu Alex afirmou à mãe da vítima, a aposentada Francelina, que não havia nenhuma indicação de que seu filho havia sido atropelado. Ele chegou ao hospital sem nenhuma fratura, mas sem chances de sobreviver.
“Em sua casa, cabisbaixa, olhar perdido, a mãe de Morais me dizia: ‘Eles mataram meu filho. Meu filho não foi atropelado”, relatou a advogada. Em um adendo ao Boletim de Ocorrências do caso, uma testemunha afirmou que ouviu um disparo de arma de fogo e que, ao sair de casa, viu Alex agonizando com um grave ferimento na cabeça.
Na frente de onde tudo aconteceu, há uma igreja evangélica com câmeras de segurança. A família pede que a investigação analise as imagens para esclarecer o caso. “Ontem (dia 12), os mesmos policiais voltaram aqui e pediram para a dona da igreja apagar as imagens e depor na delegacia confirmando a versão deles. Ela se recusou e disse que o que fizeram com o meu irmão foi errado”, disse à reportagem o irmão da vítima.
O filho de Alex já havia perdido a mãe há 8 anos, quando tinha 1 ano de idade, vítima de câncer. Seu pai, que não bebia, não fumava e era conhecido na região por seu alto astral e por ser fã de futebol, também foi cedo demais.