Talma de Oliveira Bauer trabalhava como investigador no 73º DP (Distrito Policial), no Jaçanã, zona norte de SP
A Polícia Civil de São Paulo prendeu nesta sexta-feira (5), em flagrante, um de seus integrantes. O chefe de gabinete do deputado federal Pr. Marco Feliciano (PSC-SP), Talma de Oliveira Bauer. Segundo o portal da transparência do governo estadual, o agente é investigador de 1ª classe e recebe remuneração mensal de R$ 7 mil. Antes de ser chefe de gabinete de Feliciano, ele trabalhava no 73º DP (Distrito Policial), no Jaçanã, zona norte da capital.
O policial civil Talma Bauer foi gravado pela militante do PSC Patrícia Lélis, de 22 anos. A jovem acusa Feliciano de agressão. Na gravação, ele teria pedido para a garota não levar adiante a ideia de denunciar na polícia Marco Feliciano por assédio sexual. Ele foi preso no centro de São Paulo. As acusações são de ter mantido a jovem em cárcere privado num hotel de São Paulo e ter obrigado a jovem a gravar vídeos a favor do parlamentar. A denúncia foi revelada pela Coluna Esplanada, do portal UOL.
À tarde, a jovem fez oitiva no 3º DP (Campos Elíseos). O delegado iria enviar declaração de Patrícia para a PGR (Procuradoria Geral da República) investigar o deputado Marco Feliciano por agressão, assédio sexual e tentativa de estupro. O policial civil Bauer afirmou que o áudio é falso e que a voz (igual à dele) pode ter sido criada eletronicamente.
Publicamente, a jovem de 22 anos nega que tenha sido alvo de agressão. Em uma das gravações que ela teria sido obrigada a fazer, a garota relata que “o pastor Marco Feliciano é uma pessoa íntegra com a qual eu tenho um contato muito bom, sempre muito respeitoso, muito amigável. Então não propaguem mentiras”. No entanto, prints comprovam que Patrícia ameaçou fazer um BO (boletim de ocorrência), mas sofreu pressão para recuar.
Na quarta-feira (3), a reportagem da Coluna Esplanada divulgou um áudio com a conversa que teria sido gravada pela jovem enquanto ela conversava com o policial civil Talma de Oliveira Bauer, chefe de gabinete de Feliciano. “Com todas as letras, ele deu em cima de mim mesmo de uma forma assim descarada. Me levou a fazer coisas à força, que eu tenho prova disso. Dentro da casa dele, falou que tava tendo reunião na UNE. Pra eu ir pra lá. Cheguei lá, e não tava tendo. Ele não me deixou sair, fez coisas à força. Eu tenho a mensagem para ele: ‘Feliciano, a minha boca ficou roxa’. Ele ri e diz: ‘Passa um batom por cima’. Eu tenho todas essas provas”, diz Patrícia na gravação.
Bauer teria dito: “Você falou a verdade, não está fazendo favor a ninguém, você está fazendo um bem, de você perdoar, e posso pedir para você por uma pedra em cima?”. A mãe de Patrícia Lélis, que viu o rosto da filha machucado, chegou a afirmar que a filha pediu uma conta para depósito bancário, que seria feito por Marco Feliciano a fim de comprar o silêncio dela. “Ela ligou de São Paulo e pediu uma conta para um depósito, mas que fosse no CNPJ e que não tivesse rastros de ligação com ela”.
Áudio divulgado pela Coluna Esplanada
Ao portal HuffPost Brasil, o policial civil negou que tenha se encontrado com a estudante e disse que a conversa “nunca” existiu. “Fizeram falso. Nunca conversei com ela em lanchonete. O áudio é falso, nunca conversei com ela, ela já colocou no Facebook dela que é falso… Isso é uma coluna que fizeram para sei lá, sei lá o que, mas eu nunca conversei com ela, nunca me mandou um link, nunca tivemos essa conversa. Ela já disse que é falso”, disse. “Aí a pessoa fala que a voz é igual a minha… Hoje em dia o computador faz voz igual a do Elvis Presley se quiser”, complementa.
Assim que soube do caso na mídia, o parlamentar “ajoelhou em orações pedindo a Deus para expôr a verdade”, segundo o policial civil e seu chefe de gabinete. A assessoria de Marco Feliciano não se manifestou sobre o caso.