Sérgio Vaz: Somos Nós

    Vocês dizem que não entendem
    Que barulho é esse que vem das ruas
    Que não sabem que voz é essa
    que caminha com pedras nas mãos
    em busca de justiça, porque não dizer, vingança.

    Dentro do castelo às custas da miséria humana
    Alega não entender a fúria que nasce dos sem causas,
    dos sem comidas e dos sem casas.
    O capitão do mato dispara com seu chicote
    A pólvora indigna dos tiranos
    Que se escondem por trás da cortina do lacrimogêneo,
    O CHICOTE ESTRALA, MAS ESSE POVO NÃO SE CALA..

    Quem grita somos nós,
    Os sem educação, os sem hospitais e sem segurança.
    Somos nós, órfãos de pátria
    Os filhos bastardos da nação.

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    Somos nós, os pretos, os pobres,
    Os brancos indignados e os índios
    Cansados do cachimbo da paz.
    Essa voz que brada que atordoa seu sono
    Vem dos calos da mãos, que vão cerrando os punhos
    Até que a noite venha
    E as canções de ninar vão se tornando hinos
    Na boca suja dos revoltados.

    Tenham medo sim,
    Somos nós, os famintos,
    Os que dormem na calçadas frias,
    Os escravos dos ônibus negreiros,
    Os assalariados esmagados no trem,
    Os que na tua opinião,
    Não deviam ter nascido.

    Teu medo faz sentido,
    Em tua direção
    Vai as mães dos filhos mortos
    O pai dos filhos tortos
    Te devolverem todos os crimes
    Causados pelo descaso da sua consciência.

    Quem marcha em tua direção?

    Somos nós,
    os brasileiros
    Que nunca dormiram
    E os que estão acordando agora.

    Antes tarde do que nunca.

    E para aqueles que acharam que era nunca,
    agora é tarde.

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