Segundo movimento que ocupa o espaço, invasão foi um ato político do prefeito Marcelo Oliveira (PT) para impedir uma ocupação de moradia no município
Movimentos de mulheres que ocupam uma casa no município de Mauá, na região do ABC Paulista, afirmam que a GCM (Guarda Civil Municipal) invadiu o espaço de maneira ilegal, no sábado (05/03).
Segundo o movimento de mulheres responsável por administrar a Casa Helenira Preta, invadida pela GCM, a ação dos guardas foi um ato político do prefeito Marcelo Oliveira (PT). Para a liderança do movimento trata-se de uma resposta do político contra uma nova ocupação de moradia popular que aconteceu no município. Essa ocupação mais recente atende famílias vítimas de enchentes.
Conforme informações da coordenadora da casa, Gabriela Torres Martins, as mulheres do coletivo que ocupa a casa passaram a fortalecer uma ocupação de famílias sem-teto que perderam tudo durante as chuvas no município, neste início de 2022. Por isso, o grupo participou de uma reunião com a prefeitura para decidir sobre o futuro dos moradores dessa nova ocupação, que é organizada pelo MLB (Movimento de Luta nos Bairros).
Enquanto ainda acontecia a conversa entre prefeitura e os movimentos de mulheres e de luta por moradia, a GCM foi às ocupações para retirar os moradores. O grupo que estava na ocupação conseguiu resistir e impedir a entrada dos guardas municipais. No entanto, a Casa Helenira Preta foi tomada pelos agentes da prefeitura.
De acordo com Gabriela, a Casa Helenira Preta está ocupada há oito meses, e atende dezenas de mulheres em situação de violência, além de ter uma creche popular organizada pelas mães, suprindo uma demanda que a própria prefeitura não soluciona, de acordo com a organização do espaço.
Para invadir o local, segundo integrantes do movimento, os guardas municipais reviraram pertences de uma mulher que atua como caseira no local, e colocaram para fora ela e seus três filhos.
“A GCM entrou na ocupação da Vila Mercedes, arrombou cadeado e invadiu, deixando para fora a caseira e as crianças que moram lá, além de mexeram nas coisas dela”, conta Luiza Fegadolli, do Movimento de Mulheres Olga Benário.
Luiza explica que a invasão da GCM no local foi irregular, porque não foi apresentado nenhum mandado de reintegração de posse. Ainda segundo a integrante do movimento que ocupa o espaço, depois que os guardas tomaram o local, a prefeitura enviou à Defesa Civil na tentativa de apontar possíveis irregularidades na casa e também para tentar justificar a retirada da ocupação.
Mesmo depois da invasão, o grupo de mulheres segue fazendo atividades na porta do local, e conta com apoio de artistas e movimentos sociais. “A gente continua, é uma questão política. Estamos contando com apoio de todo mundo para mandar a GCM se retirar. Vieram professores universitários, movimentos sociais, artistas e etc. Queremos sensibilizar a prefeitura”, diz Luiza.
A Ponte questionou a Prefeitura de Mauá sobre a ação da Guarda Civil Municipal na ocupação, mas o executivo municipal não se manifestou.