Entidades e movimentos sociais realizam atividades nesta semana como cine-debate, roda de conversa e intervenções artísticas para lembrar e cobrar responsabilização por 111 mortos
Para lembrar os 30 anos do Massacre do Carandiru, diversas organizações e entidades da sociedade civil marcaram eventos para discutir a falta de responsabilização do Estado e os efeitos que a chacina de 111 presos gerou nas políticas de segurança pública e do sistema prisional no país e, especialmente, em São Paulo. Justiça e reparação para vítimas e familiares são os principais temas da mobilização.
O dia do massacre, 2 de outubro, coincidiu com o primeiro turno das eleições de 2022 e, por isso, a programação desses eventos foi designado ou para antes da data ou para a semana seguinte.
Um deles é o Inventário do Carandiru: 30 anos do massacre, organizado por diversas comissões da Ordem dos Advogados do Brasil seção São Paulo (OAB-SP), movimentos sociais e entidades, entre os dias 3 e 8 de outubro. A programação vai ocorrer em diversos espaços, de forma presencial, e vai contar, no dia 8, com uma intervenção artística dentro do Parque da Juventude, no bairro de Santana, na zona norte da capital, no perímetro onde ficava o Pavilhão 9, local em que se deu o estopim do massacre.
Dentre as atividades, estão a exibição de filmes com debate, apresentação de pesquisas sobre o assunto (como a das indenizações de familiares feita pelo Núcleo de Estudo sobre o Crime e a Pena da FGV), discussão sobre encarceramento em massa, violência estatal e justiça restaurativa. Pesquisadores, artistas, ativistas, sobreviventes e egressos do sistema prisional estarão presentes.
O evento é gratuito e mediante inscrição. No site, a OAB-SP sugere a doação em dinheiro para uma campanha de arrecadação de brinquedos para o mês da criança que serão distribuídos para instituições cadastradas (que podem ser consultadas aqui). A doação não é obrigatória nem requisito para participar. Para acessar a programação do evento sobre o massacre e se inscrever, clique aqui.
Para quem perdeu, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) disponibilizou no canal do YouTube a íntegra do seminário Massacres e(m) Democracias: 30 anos do massacre do Carandiru, que aconteceu na última quarta-feira (28/9). As mesas tiveram participações de sobreviventes da chacina, egressos do sistema prisional, pesquisadores, artistas e ativistas que discutiram também sobre como a violência e o extermínio são práticas recorrentes como política de Estado. A organização é dos Programas de Pós-Graduação de Ciência Política, Antropologia Social, Ciências Sociais e Sociologia, e o Núcleo de Estudos de Gênero (Pagu).