Motoboy negro denuncia segurança de hospital particular que o mandou abrir bag: ‘Me trataram como ladrão’

Caso ocorreu na terça-feira (8/10) no Hospital São Camilo, na Pompeia, zona oeste de SP. PM foi chamada, mas nada foi encontrado com entregador. Veja vídeo

O motoboy negro Diego Samuel Rodrigues Martins, de 37 anos, denuncia ter sido vítima de preconceito dentro do Hospital São Camilo, na Pompeia, zona oeste de São Paulo. Na terça-feira (8/10), ao deixar a unidade após visitar a esposa internada ali, Diego conta que foi abordado por um segurança que o mandou abrir a bag (tipo de mochila usada por profissionais que fazem entregas). “Eles me trataram como um marginal, como ladrão”, conta Diego. 

A situação ocorreu por volta das 17h na recepção da unidade. Diego estava próximo da catraca para sair quando foi abordado por um segurança que disse que o motoboy não poderia andar com o capacete na cabeça e que a bag teria que permanecer aberta. O funcionário também teria pedido a abertura da mochila. 

Diego conta que não se opôs, mas pediu que a esposa, que é advogada, estivesse presente. Diante da cena, Jeniffer Nogueira Dalessi, 34, chamou a Polícia Militar. O casal conta que foi levado até uma sala da unidade. “Foi como se a gente estivesse constrangendo os outros pacientes do hospital e não nós que estávamos sendo constrangidos”, diz Jeniffer, cujo plano de saúde oferece cobertura no São Camilo e estava internada para tratar uma infecção nos rins.

A bag foi esvaziada sem que nenhum item do hospital fosse encontrado. O caso foi registrado pelos policiais militares presentes. 

O motoboy vinha visitando a esposa desde segunda-feira (7/10), data em que ela foi internada. Segundo Diego, sua presença na unidade sempre foi alvo de desconforto. “Por onde eu vou no hospital os seguranças ficam me encarando”, diz. 

Jeniffer conta que até agora não houve qualquer pedido de desculpas do hospital. “É uma sensação de impunidade, de preconceito mesmo. Porque meu marido se veste um pouco mais humilde olharam para ele e o viram como um bandido. Um cara que estava indo trabalhar”, desabafa.

O que diz o hospital 

A Ponte procurou o Hospital São Camilo pedindo um posicionamento sobre o caso. Em nota, a assessoria afirmou que “não pode permitir o ingresso ou permanência de pessoas utilizando capacete ou qualquer tipo de cobertura que oculte a face” e que não houve “qualquer ato discriminatório ou preconceituoso” na abordagem do segurança. Leia a nota na íntegra: 

A Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo informa que mantém em todas as suas unidades equipes dedicadas para manter a segurança de seus pacientes, visitantes e colaboradores, seguindo manuais padronizados do sistema de gestão hospitalar. Toda abordagem a visitantes acontece tendo em vista a manutenção da segurança e/ou orientação quanto aos procedimentos para garantir a rotina da segurança, alimentação e bem-estar de quem passa por tratamento, seguindo o Guia do Paciente Internado da Instituição.

Neste sentido, esclarecemos que em observância à Lei Estadual nº 14.955/2013, o Hospital não pode permitir o ingresso ou permanência de pessoas utilizando capacete ou qualquer tipo de cobertura que oculte a face. Devendo, quando identificar tal situação, adotar as medidas de segurança para identificação da pessoa, não ensejando, tal medida, qualquer ato discriminatório ou preconceituoso. A Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, repudia qualquer forma de discriminação, preconceito ou ofensa vez que são contrários aos valores centenários da Instituição e estamos à disposição para mais informações.

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