Familiares, amigos e a mãe de menino morto na semana passada (5/11) participaram de caminhada de uma escola municipal até o local onde Ryan foi baleado pela PM do governador Tarcísio de Freitas
Debaixo de forte chuva, cerca de 200 pessoas participaram nesta terça-feira (12/11) de um ato em homenagem ao menino Ryan da Silva Andrade Santos, de 4 anos, morto uma semana atrás (5/11) durante uma ação da Polícia Militar no morro São Bento, em Santos.
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Por volta das 20h, uma concentração reuniu familiares, amigos, representantes de movimentos sociais e de partidos como o PT, o PSOL e o PCB na Unidade Municipal de Ensino (UME) Professora Therezinha de Jesus Siqueira Pimentel. Os presentes estenderam faixas e crianças abriram cartazes pedindo justiça. Emocionados, parentes e professores de Ryan disseram palavras ao microfone.
“As crianças da comunidade também têm o direito de brincar. Ninguém vai lá no Gonzaga [bairro nobre da cidade de Santos] perguntar o que uma criança está fazendo 7, 8 horas da noite na orla. E não é para perguntar aqui também”, disse uma professora da escola.
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A mãe do garoto, a cozinheira escolar Beatriz da Silva Rosa, 29, compareceu ao local e contou os momentos de dor e angústia vividos por ela nos últimos dez meses. Em fevereiro, seu companheiro e pai de Ryan, Leonel Andrade Santos, 36 — uma pessoa com deficiência —, também foi morto em outra ação da Polícia Militar.
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Na terça-feira passada (5/11), Ryan brincava na porta de casa com um grupo de cerca de 15 crianças quando foi baleado na barriga e não sobreviveu. O adolescente Gregory Ribeiro Vasconcelos, 17, também foi morto no local e um outro de 15 anos ficou ferido.
Histórico de letalidade
A atual gestão da segurança em São Paulo teve como marca duas operações extremamente letais na Baixada Santista: a Escudo, entre julho e setembro de 2023, que deixou 28 vítimas, e a Verão, entre janeiro e março de 2024, com 56 vítimas — segundo dados da própria Secretaria da Segurança Pública (SSP). O número, porém, pode ser ainda maior, como mostrou a Ponte.
“[Quando começou o tiroteio] meu filho entrou andando na garagem, eu não sei se ele foi baleado lá fora ou já dentro. Quando eu vi ele estava assim com a camisa levantada, o olhinho aberto me olhando”, contou Beatriz, para emoção dos presentes [veja vídeo do Instagram da Ponte, acima].
Mesmo sob chuva, os manifestantes caminharam da escola até a casa de uma prima do menino, gritando palavras de ordem como “Ryan presente, hoje e sempre”. A PM não apareceu no curto trajeto do ato, que terminou no local em que mais uma vítima da violência de Estado foi assassinada.