PM condenado por matar homem gay segue recebendo salário

Processo que pode expulsar o policial Renato Rocha ainda não foi concluído. Cabo foi condenado a 12 anos por matar homem que dançava em calçada

O PM Renato Tavares Rocha cumpre a pena pela morte de Silvio no Presídio Militar Romão Gomes, mas prossegue recebendo salário como servidor público | Foto: Alessandra Haro/Acervo do Memorial da Resistência de São Paulo

O cabo da Polícia Militar de São Paulo, Renato Tavares Rocha, segue recebendo o salário como servidor público. Na última semana, Renato foi condenado a 12 anos de prisão por matar Silvio Ferreira Coelho, de 47 anos.

A vítima dançava na calçada quando levou um tiro no rosto disparado pelo PM. O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) defendeu que o caso foi um crime de homofobia. Contudo, o Tribunal do Júri não reconheceu essa motivação.

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Segundo a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), o cabo responde a um processo regular, “que pode resultar na aplicação de uma sanção exclusória”. Em janeiro, conforme mostra o Portal da Transparência do governo de São Paulo, Renato recebeu salário de R$ 5.349,34. O policial está preso no Presídio Militar Romão Gomes desde janeiro de 2023, quando o crime aconteceu. 

‘Vil e repugnante’

O júri popular ocorreu no dia 18 de fevereiro. Os jurados entenderam que o policial praticou o crime de homicídio qualificado pelo emprego de recurso que dificultou a defesa de Silvio.

Segundo a denúncia apresentada pelo MP-SP, Renato estava de folga no dia do crime. O PM andava pela Avenida Carlos Lacerda, no Capão Redondo, por volta das 6h da manhã — a região tem casas noturnas e alguns vendedores ambulantes.

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A promotora Luciana André Jordão Dias destacou na denúncia que Silvio, a vítima, era gay e tinha costume de ficar naquela região, onde era bem quisto. Para Luciana, Renato, que comia um lanche de um dos ambulantes, sacou a pistola e atirou por estar “incomodado com a presença de um homossexual dançando alegremente”. O armamento pertencia à Polícia Militar de São Paulo.

Silvio levou um tiro no rosto e, segundo o MP, o policial continuou comendo o lanche após atirar. Depois, Renato se aproximou da vítima, que agonizava, e falou alguma coisa para ela — que não é descrita na denúncia. Renato foi preso em flagrante. Silvio chegou a ser levado ao Hospital do Campo Limpo, também na zona Sul, mas morreu minutos após dar entrada.

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“É certo que o crime foi cometido por motivo torpe, pois o denunciado matou a vítima por se tratar de homossexual que estava dançando próximo a ele, o que o incomodou. Vil e repugnante, portanto, a motivação”, escreveu a promotora.

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