A Polícia Militar da Bahia, sob a gestão do governador Jerônimo Rodrigues (PT), lidera o ranking de letalidade policial no Brasil. A Ponte segue documentando essa violência — expressa na 100ª chacina em três anos, ocorrida na terça de Carnaval

A Polícia Militar da Bahia não sossega nem no Carnaval: afinal, é preciso manter o estado no posto de mais violento. E não é um lugar simbólico, os números que a Ponte vem levantando demonstram isso. Desde 2022, a PM-BA ultrapassou o Rio de Janeiro e é a polícia que mais mata do país.
A reportagem de Paulo Batistella aponta que o Estado alcançou 100 chacinas em menos de três anos, de acordo com dados do Instituto Fogo Cruzado. Somente em janeiro de 2025, a Bahia teve 131 mortes decorrentes de intervenção policial, quase o dobro do segundo colocado.
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Isso não são dados das vozes na minha cabeça, mas do Sinesp, ligado ao Ministério da Justiça. Vale lembrar que quem governa a Bahia há anos é o PT. É sintomático como grupos políticos de diferentes espectros recorrem ao confronto e à violência quando o assunto é segurança pública.
O caso mais recente aconteceu durante o Carnaval no bairro Fazenda Coutos, periferia de Salvador. Foram 12 pessoas mortas durante a ação policial que buscava intervir nas sete horas de tiroteio entre facções rivais. A questão se agrava ao se saber que, supostamente, essas pessoas eram monitoradas pela inteligência da polícia. Informação vinda do próprio secretário de Segurança Pública baiano. Ora, vamos fingir que eram 12 suspeitos. Convenhamos, leitor, se a inteligência, de fato, fosse usada, não seria necessário matar essas pessoas em meio a uma comunidade que está sob intensa troca de tiros.
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Colocar pessoas mortas como suspeitos é uma narrativa muito batida que as polícias brasileiras ainda usam para justificar sua violência. Vimos isso durante as operações de vingança na baixada santista como as Operações Verão e Escudo. Para a PM, todos os mortos eram suspeitos, mesmo com testemunhas dizendo o contrário. É muito fácil e covarde acusar quem já não está aqui para se defender. É covarde colocar famílias com tantas vulnerabilidades em mais essa luta por justiça.
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