Jovem de 24 anos fugiu porque prometeu à família que não deixaria apreenderem o carro, que tinha cinco multas por rodízio. Ele estuda Tecnologia em Logística na Uninove. O estado de saúde é grave
O universitário Julio César Alves Espinoza, de 24 anos, foi baleado na nuca por policiais militares na madrugada desta segunda-feira (27/06), na divisa entre São Caetano do Sul e o Jardim Ibitirama, zona leste de São Paulo. Ele estava fugindo da polícia porque não queria ter o carro do pai, um Gol prata, apreendido. O veículo tinha cinco multas por rodízio. O estado de saúde do rapaz é grave.
Filho de um boliviano que vive há 35 anos no Brasil, Julio Espinoza estuda Tecnologia em Logística na Uninove da Vila Prudente. Ele não tem passagem pela polícia. Em toda a sua vida, ele só entrou uma vez na delegacia: para registrar um BO (Boletim de Ocorrência) por roubo dos documentos dele.
A perseguição começou em São Caetano do Sul, passou pela avenida Guido Aliberti, avenida do Estado e terminou na rua Guamiranga. A perseguição começou com um carro da GCM (Guarda Civil Metropolitana) de São Caetano, no ABC Paulista, e terminado com a PM atirando no carro de Espinoza ao longo do trajeto. Testemunhas dizem que uma das viaturas policiais colidiu durante a ação.
Amores
Os dois maiores amores de Espinoza são a família e o Palmeiras. Em suas redes sociais, o carinho pelos pais e pelo clube de futebol estão nítidos. Ele já havia dito ao pai, o mecânico Julio Ugarte, que não deixaria apreenderem o veículo, utilizado por toda a família, por causa das multas.
À reportagem da Ponte Jornalismo, a irmã do universitário, Tatiane, afirmou: “a única pessoa que pode contar o que aconteceu, agora, não está em condições de falar, que é o meu irmão”. “Não sei o que ele estava fazendo, porque ele decidiu fugir. A gente quer que tudo seja esclarecido, mas, agora, nossa preocupação não é essa. É que ele fique vivo”, disse.
O caso foi registrado no 56º DP (Distrito Policial), na Vila Alpina. Os PMs envolvidos no caso disseram ter achado um revólver calibre 38 (enferrujado) no veículo. A Polícia Civil e Corregedoria da Polícia Militar investigam se a arma foi plantada no carro pelos policiais para forjar um tiroteio.
Procurada, a PM pediu que a reportagem da Ponte entrasse em contato com a SSP (Secretaria da Segurança Pública), que, por sua vez, informou por telefone que o caso ainda não havia sido registrado e que iria apurar.
Em um mês, Julio é o quarto jovem baleado em São Paulo por agentes da segurança pública após perseguição. No dia 2, o menino Ítalo, de 10 anos, morreu ao ser baleado na nunca; no dia 24, Robert, de 15 anos, levou dois tiros no peito e um na boca ao tentar deixar o veículo roubado que dirigia; e no dia 26, Waldik, de 11 anos, foi baleado na nuca enquanto estava no banco de trás de um carro que teria sido roubado.
Leia mais:
Policiais matam adolescente de 16 anos com tiro nas costas