A Justiça de SP não é branda somente com PMs que matam pessoas negras e da periferia. Após ser absolvido, soldado Robson Paulino afirmou que não tem arrependimento e que “não faria nada de diferente”

O sargento Adriano Costa da Silva, de 30 anos, e os soldados Robson Tadeu do Nascimento Paulino, de 34, e Luís Gustavo Teixeira Garcia, 31, que mataram o empresário e publicitário Ricardo Prudente de Aquino, branco, de 41 anos, em 18 de julho de 2012, na Vila Madalena, ao confundir um celular com uma arma, foram absolvidos pela Justiça de São Paulo no início da noite desta sexta-feira (28).

Após ser absolvido, na porta do Fórum Criminal da Barra Funda, na zona oeste da capital, o soldado Robson Paulino, acusado pelo MP (Ministério Público) de ter disparado os dois tiros que mataram Ricardo, afirmou à jornalistas que “não faria nada de diferente” e que “o final só a Deus pertence”. O trio respondia em liberdade pelo processo, ao qual era acusado de homicídio doloso e fraude processual.
Quatro anos e três meses após o caso, o Tribunal do Júri decidiu absolver os PMs do crime de homicídio doloso. No entanto, o soldado Luís Garcia foi condenado por fraude processual, a seis meses de detenção, em regime inicial aberto. Ou seja, a Justiça entendeu que houve fraude processual no caso, mas decidiu absolver os demais PMs envolvidos no crime.
Assim, na sentença judicial, ficou registrado que: “Julga-se improcedente a pretensão punitiva em relação aos réus Robson Tadeu do Nascimento e Adriano Costa da Silva quanto aos delitos pelos quais foram pronunciados e de Luís Gustavo Teixeira Garcia, devidamente qualificado, quanto ao crime doloso contra a vida”.

De acordo com Robson Paulino, em todas as audiências, ele tinha vontade de cumprimentar a mãe de Ricardo. “Sabia, entendia a dor que ela tem e, mesmo assim, não podia”, afirmou. “Como eu disse no tribunal, eu não faria nada de diferente. Porém, o final só a Deus pertence”, complementou.
“Lamento pela morte do senhor Ricardo. Mas me arrepender, não. Porque nós tomamos todos os procedimentos que nós aprendemos. Eu era policial de Força Tática, sempre me dediquei, então, lamento”, disse o soldado. Assim, ele afirmou que sempre acreditava na absolvição: “Primeiramente, eu acreditava em Deus e eu confiava na minha equipe. Então, era já esperava a decisão“.

Questionado se ele deseja voltar a vestir a farda da PM, o soldado acenou positivamente. “É a minha maior vontade. Na verdade, eu não tinha vontade de sair. Eu confio na Polícia Militar. Eu sempre… sempre… a minha vida inteira, foi o que eu fiz. E pretendo voltar e seguir minha vida“.
A Promotoria vai recorrer.