“Falavam para mim que, se eu quero ser homem, tenho que apanhar como tal”, relata uma das jovens agredidas após um debate sobre luta LGBT em Sorocaba
Três homens, três mulheres e um homem trans denunciam que foram agredidos por policiais militares depois de participarem de uma roda de conversa sobre luta LGBT, machismo e misoginia, entre outros assuntos. O encontro aconteceu na noite do último sábado (28), na Praça da Amizade, no bairro Santa Rosália, em Sorocaba — cidade paulista a 87 km da capital.
Os jovens contam que, depois do debate, os sete amigos continuaram na praça para beber e conversar. A primeira ação da Polícia Militar, por volta das 21h, conforme Leonardo Oliveira relatou em seu perfil no Facebook, foi uma tentativa de intimidação para que os jovens fossem embora da praça, questionando o motivo deles estarem no local. O jovem conta que responderam aos PMs que “ali é uma praça pública e devemos, sim, ocupar todos os espaços públicos”.
Leonardo relata que, após constatarem que os três adolescentes não estavam consumindo bebidas alcoólicas, os policiais reclamaram da sujeira do local e só foram embora depois que os jovens limparam a praça.
Uma hora depois, cerca de 22h, três viaturas, com pelo menos seis policiais, voltaram para a praça e começaram a agredi-los. A jovem Larissa Sardenha Silva, de 18 anos, uma das agredidas, conta que a foi uma ação homofóbica da PM, já que os jovens não portavam drogas e não cometiam nada de ilegal.
“Levei tapa e cacetada nas costas. Falavam para mim que, se eu quero ser homem, tenho que apanhar como tal. Batiam na cara dos meus companheiros mandando eles virarem homem, por conta de suas orientações sexuais”, relata Larissa.
Os jovens afirmam que conseguiram identificar os policiais militares Ramires e Dias. Larissa conta que a ação durou cerca de 40 minutos e, depois que puxaram os documentos dos envolvidos e tiveram as fotos e filmagens apagadas, foram liberados pelos policiais.
Os jovens tinham feito uma transmissão ao vivo pelo celular de uma amiga, mas contam que o policial “resetou” o aparelho, apagando a filmagem. Outros celulares também tiverem imagens excluídas pelos policiais.
Procurada pela reportagem, assessoria de imprensa da PM de São Paulo afirma que “destacou uma viatura para atender um princípio de distúrbio durante um evento, em Sorocaba” e que “a equipe deixou o local após o restabelecimento da ordem”. A assessoria ainda informa que “não houve registros de pessoas feridas nem de denúncias contra a atuação da PM”.
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