Caso aconteceu em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, na noite desta quarta-feira (12/07). Ricardo Silva Nascimento, de 39 anos, morreu no local
Dois policiais militares envolvidos na morte do carroceiro Ricardo Silva Nascimento, o Negão, de 39 anos, foram afastados pela SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública de São Paulo). O caso aconteceu na noite do dia 12/7 em frente a um supermercado de Pinheiros, zona oeste de São Paulo.
Um dos afastados é José Marques Medalhano, de 23 anos, apontado por testemunhas como o autor dos disparos contra Negão. Medalhano não tem histórico de denúncias feitas à Ouvidoria das Polícias de São Paulo.
Além dos dois PMs, os integrantes da guarnição de Força Tática que prestou apoio na ocorrência também foram afastados, direcionados para serviços administrativos, enquanto o caso é apurado. Foi instaurado inquérito policial militar no 23º BPM.
“O DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa) instaurou inquérito, ouviu testemunhas e encaminhou a arma do PM envolvido na ocorrência para perícia. A polícia irá analisar imagens de câmeras a segurança da região”, explicou a SSP, em nota à imprensa.
A Ponte Jornalismo solicitou entrevista com o cabo José Marques Medalhano, à PM e à SSP, por meio da CDN, assessoria de imprensa terceirada pelo governo do Estado, comandado por Geraldo Alckmin (PSDB). Até a publicação desta reportagem, nenhuma resposta havia sido dada.
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Por volta das 18h30 de ontem (12/07), Ricardo Silva Nascimento foi morto na rua Mourato Coelho, próximo ao cruzamento com a rua Teodoro Sampaio, no bairro de Pinheiros, zona oeste da capital paulista. Segundo testemunhas, houve uma rápida discussão antes de o policial militar disparar contra Nascimento.
“Eu e minha esposa ouvimos a discussão, vi claramente o PM apontar a arma para o pobre coitado e, depois, dar dois tiros, e o cara estava no chão. Teve quem disse que foram três, eu não ouvi o terceiro. Não foi tiroteio, não foi nem resistência armada. Foi uma execução”, relata à Ponte Jornalismo José Augusto Alves Neto, morador de Pinheiros que presenciou a morte de Negão.
Segundo Alves Neto, cerca de cinco a dez segundos de discussão separou a chegada do policial na ocorrência aos disparos. Dentro do mercado fazendo comprar com a esposa, ele relata ter visto o PM apontou a arma para o carroceiro desde o início da ação.
“A hora em que vi a atitude, a expressão corporal do PM, pressenti que ele iria atirar. Demoramos cinco minutos para sair do mercado depois do que aconteceu. Saímos pelo estacionamento, uma porta distante de onde aconteceram os disparos. As pessoas gritaram muito, porque o cara não tinha arma, não tinha nada”, sustenta.
Cerca de 15 minutos separaram os disparos do socorro por parte dos policiais, que colocaram o corpo de Ricardo na traseira da viatura. “Ainda fiquei lá depois dos tiros. Quando sai, retiraram o corpo. O cara continuava largado no chão. Não percebi esforço dos PMs para socorrer ninguém. Quando quer socorrer, você corre, tenta ressuscitar, alguma coisa. Ali, nada. O cara estava no chão e os policiais só em volta”, diz.