Ato reuniu um grande número de pessoas mesmo com tempo chuvoso, mas também foi marcada por uma multa aplicada pela CET aos organizadores
(*) Publicado originalmente no Alma Preta
Cerca de 15 mil pessoas participaram da 14° Marcha da Consciência Negra, no dia 20 de novembro, durante o feriado que recorda a morte de Zumbi, um dos líderes do Quilombo dos Palmares. O início da concentração se deu a partir das 13h, em frente ao vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo), na região central da cidade de São Paulo, e o protesto terminou às 19h, no Theatro Municipal.
Os manifestantes pediram ao longo da marcha o fim do projeto de genocídio negro, término das desigualdades raciais existentes no país e conclamavam pela necessidade de construir um projeto de Brasil que reconheça a humanidade das pessoas negras.
“A gente sabe que um projeto político de vida para o povo negro é um projeto para o Brasil”, conta Juliana Gonçalves, integrante da Marcha das Mulheres Negras e uma das articuladoras do ato do 20 de novembro.
O cantor Seu Jorge foi outro que compareceu e ressaltou a necessidade de se acabar com a violência contra a comunidade negra e o extermínio da juventude afro-brasileira.
“O dia 20 de novembro não é simplesmente um dia de festa. É um dia de tomada de consciência, porque há mais de 500 anos o negro sofre nesse país. E agora a gente tem que agarrar e acabar com o genocídio do homem, mulher, e criança negra.”
Multa
Durante a manhã, o movimento negro foi informado pela Companhia de Engenharia e Trânsito (CET) de que não poderia utilizar o carro de som pela Avenida Paulista.
As entidades articuladoras do ato relatam que a CET não enviou representantes para os encontros de organização da marcha, e que foram pegas de surpresa com a notícia.
Douglas Belchior, integrante da Frente Alternativa Preta, diz que houve a tentativa de construir um diálogo com a prefeitura durante a semana. Ele também conta que, em meio às barreiras impostas pela CET, optaram por dar prosseguimento à marcha.
“A gente fez a opção política de, mesmo com a tentativa de impossibilitar o carro de som, dar continuidade ao ato, mesmo com o risco iminente e já declarado de que vamos pagar uma multa”. A punição está no valor de R$ 5.800.
Os manifestantes, autuados por estacionarem o carro de som em frente ao Masp, optaram pelo não deslocamento dele para a pena não ser ainda maior. Os articuladores fizeram o trajeto normalmente e tiveram acesso ao carro apenas na Rua da Consolação.
A CET negou em nota à Rede Brasil Atual que tentou impedir a manifestação. Para a companhia, o caminhão interferiria no programa “Ruas Abertas”, que deixa a Avenida Paulista nos domingos e feriados aberta ao público.
A instituição afirma que o pedido para a utilização do carro pela Avenida Paulista foi negado, e que a ação foi baseada no Termo de Ajustamento de Conduta do Ministério Público, responsável por autorizar a realização de apenas três eventos no local durante o ano, Parada LGBT, Réveillon e corrida São Silvestre.