Vítima foi encontrada jogada na garagem de um hotel em São Paulo com rosto ensanguentado e já sem vida. Para advogado que cuida do caso, crime foi motivado por ódio
Na manhã deste domingo (17/12), por volta das 5h, a transexual Larissa Paiva, de 25 anos, foi encontrada morta no chão da garagem no Hotel Sombra, em Santana, zona norte da capital. Em um vídeo gravado no local, é possível ver o rosto de Larissa completamente ensanguentado e, a poucos metros do corpo, um pedaço de madeira que pode ter sido usado para o espancamento que resultou na morte da jovem. Ao chegar no local, a perícia identificou esfolamentos no braço direito, lesões de cortes na perna esquerda e diversas lesões corte e contusão na região da cabeça. A polícia procura por 4 homens acusados de participar da violenta agressão. No entanto, os nomes dos suspeitos não foram informados.
No boletim de ocorrência, registrado no 13º DP (Casa Verde), o funcionário do hotel, que encontrou o corpo de Larissa, contou que “ouviu fortes estrondos e pensou serem tiros, quando estava na recepção, que não tem vista para a garagem. Aguardou até cessarem os barulhos e desceu, encontrando a jovem já sem vida”.
O advogado que está cuidando do caso, José Beraldo, disse que se trata de um crime de ódio a uma travesti que era do bem. “Nesse caso, ao que tudo indica, essas pessoas tiveram relação com Larissa. Esse é um crime de homicídio triplamente qualificado, praticado por uma quadrilha. Em breve, nós esperamos que seja feita o reconhecimento de todos esses covardes agressores para que eles sejam presos”, afirma Beraldo.
Larissa nasceu na cidade de Tucuruí, interior do estado do Pará, e morava em São Paulo desde 2010. Na madrugada do último domingo, virou estatística: de acordo com dados da Rede Trans Brasil, apenas esse ano foram registradas 188 mortes de pessoas trans no país, um aumento de 44 vítimas em relação ao ano passado, que já tinha batido o recorde de pessoas trans mortas no mundo.
A mãe da vítima não quis falar sobre o ocorrido, pois está muito abalada. Larissa era filha única.
O corpo da transexual foi levado ao IML Norte por volta das 16h e aguarda para ser reconhecido e então liberado. A família quer fazer o traslado para poder realizar o enterro na cidade natal dela. A mãe está a caminho de São Paulo para fazer o reconhecimento do corpo e deve desembarcar na cidade ainda nesta segunda-feira.
Por telefone, a Ponte entrou em contato com o Hotel Sombra, mas o funcionário que atendeu a ligação procurou isentar o estabelecimento de qualquer responsabilidade e disse que Larissa foi encontrada do lado de fora do espaço. “Na verdade, nossa garagem é aberta, ela foi encontrada lá, não dentro do hotel”, disse. Na sequência, ele diz que não sabe de mais nenhuma informação, pois tinha acabado de chegar no trabalho. Questionado se outra pessoa ou funcionário poderia falar sobre o ocorrido, ele afirma que ninguém poderia falar. A Secretaria da Segurança Publica de São Paulo informa que a investigação está sendo feita pela Equipe E Leste da 2ª Delegacia da Divisão de Homicídios do DHPP. Os investigadores estão atrás dos 4 suspeitos e de possíveis novas testemunhas que possam ajudar a elucidar o crime.