Morre Karolayne, grávida baleada no Alemão em tiroteio entre traficantes e PMs

    Na ocasião, familiares e testemunhas oculares desmentiram nota da polícia, que negou ter havido confronto. Ela estava no quinto mês de gestação quando foi atingida

    Karolyne estava grávida de cinco meses | Foto: facebook

    Morreu na última terça-feira (10/1) a auxiliar de creche Karolayne Nunes, de 19 anos, atingida no dia 2 de dezembro de 2017 em confronto entre policiais da UPP e traficantes de drogas na Fazendinha, localidade no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada tanto pela Secretaria Municipal de Saúde quanto pela família. A jovem, então em seu quinto mês de gestação, perdeu o bebê no dia em que fora baleada.

    Karolayne estava internada no Hospital Miguel Couto, na Gávea, zona sul da capital fluminense. Seu estado permanecia grave ao longo de um mês e cinco dias, período da internação. Moradora do Engenho da Rainha, a jovem estava com o marido em um carro se dirigindo para uma padaria na comunidade carioca quando um tiroteio aconteceu na frente de um local conhecido como Birosca.

    Na ocasião do confronto, a Ponte entrou em contato com a UPP por e-mail para saber se agentes locais estiveram em diligências no local e se houve registro de confrontos. A assessoria de comunicação respondeu que não teve informações sobre confrontos com as guarnições da UPP Fazendinha. A nota afirma ainda que ocorrência foi registrada na 44 DP, de Inhaúma.

    Contudo, duas testemunhas do tiroteio apontaram à reportagem, sob condição de anonimato, que houve confronto entre PMs e traficantes nas proximidades da rua Antônio Austregésilo, próximo à uma padaria. Um familiar da grávida morta explicou que o confronto aconteceu por volta das 21h30 do dia 2 de dezembro de 2017, quando o bairro estava tranquilo. “Não estava tendo operação. Aconteceu do nada”, garante.

    A reportagem voltou a contatar a assessoria de comunicação das UPPs com novas perguntas referentes às versões contraditórias dadas por testemunhas e familiares e o posicionamento oficial, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

    Já que Tamo junto até aqui…

    Que tal entrar de vez para o time da Ponte? Você sabe que o nosso trabalho incomoda muita gente. Não por acaso, somos vítimas constantes de ataques, que já até colocaram o nosso site fora do ar. Justamente por isso nunca fez tanto sentido pedir ajuda para quem tá junto, pra quem defende a Ponte e a luta por justiça: você.

    Com o Tamo Junto, você ajuda a manter a Ponte de pé com uma contribuição mensal ou anual. Também passa a participar ativamente do dia a dia do jornal, com acesso aos bastidores da nossa redação e matérias como a que você acabou de ler. Acesse: ponte.colabore.com/tamojunto.

    Todo jornalismo tem um lado. Ajude quem está do seu.

    Ajude

    mais lidas