Ações com mortes acontecem um mês após posse do novo secretário de segurança, Irapuan Costa Júnior; ele afirmou que não iria linchar policial que cometesse erro
As polícias de Goiás mataram dez pessoas em supostos confrontos ao longo de 24 horas, entre sábado (24/3) e domingo (25/3). Segundo a corporação, os casos aconteceram em três abordagens e em uma operação contra quadrilha especializada em roubo a bancos. As ocorrências acontecem um mês após a troca de secretário por ex-governador da época da ditadura militar.
Em uma ação, ainda no sábado, no bairro da periferia de Aparecida de Goiânia, região metropolitana da capital, um homem tentou fugir de uma abordagem policial ao entrar em uma residência, segundo a PM, espaço que seria usado para desmanche de carros. Alcançado, ele teria trocado tiros com policiais e morreu.
Na mesma noite, quatro morreram em Gentil Meirelles, região de Goiânia. De acordo com os policias, a área das mortes era utilizada como “boca de fumo” e que “o local distribuía drogas para a capital”. Ao chegarem, os policiais teriam se deparado com um “traficante e seguranças”, que trocaram tiros com integrantes do Giro (Grupo de Intervenção Rápida e Ostensivo). A polícia diz que foram encontrados revólveres calibre 38 e um 357 com os suspeitos.
Ainda na capital do Estado, três suspeitos de roubarem um carro foram abordados por policiais militares. A corporação aponta que houve troca de tiros, causando a morte de dois homens e a detenção de um. Na casa do suspeito, segundo a polícia, foram encontradas uma pistola Glock 9mm e um revólver calibre 38.
Já no domingo, em Carmo do Rio Verde, cidade no interior do estado, três homens morreram em ação da PM em conjunto com a Polícia Civil. O trio era suspeito de integrar uma quadrilha de assalto a bancos e estavam sendo monitorados. A polícia explicou que a ação terminou com troca de tiros e os três morreram. Nenhum policial se feriu.
Segurança sob nova direção
As ações ostensivas se intensificaram em Goiás quando o governador Marconi Perillo (PSDB) deixou a cargo do vice-governador, Zé Eliton (PSDB), trocar o comando da cúpula da segurança pública. A decisão ocorreu após três rebeliões em presídio do regime semiaberto em Aparecida de Goiânia, ocorridas nos cinco primeiros cinco dias de janeiro deste ano, com nove mortos e 14 feridos.
Na reforma administrativa, o então chefe da pasta, Ricardo Balestreri, foi substituído por Irapuan Costa Júnior, de 81 anos, conhecido por ter perfil linha-dura. Costa Jr. foi governador de Goiás de 1975 a 1979, período da ditadura militar que perdurou por 21 anos.
Quando assumiu o novo posto, Irapuan afirmou que “quem busca a criminalidade fez sua escolha” e, sendo assim, que “sinta a força da polícia e o peso da lei”. Ainda na entrevista para a imprensa local, ele destacou que “o policial tem sido muito maltratado pela mídia” e chamado de “truculento”.
Em uma de suas falas, o secretário de segurança disse que “a polícia tem que ser muito dura” e que o “policial que trata com latrocidade, com estuprador, com assassino, com traficante de drogas que está infelicitando nosso país, tem que ser muito enérgico”.
Para o jornal O Popular, Costa Jr. explicitou que ninguém poderia contar com ele para “linchar policial quando comete erro. Um erro involuntário todos nós cometemos. Ele vai responder perante a lei, mas não será desamparado por sua chefia”, disse à época.