Corporação investiga se houve excesso na ação de policial no pátio da escola Alfredo Pujol, em Pirajuí (SP); vídeo gravado por estudantes serviu para provar agressão
Um PM foi flagrado dando uma ‘gravata’ e ameaçando com um cassetete alunos de uma escola estadual em Pirajuí, no interior de São Paulo. Um vídeo, gravado por estudantes da Escola Estadual Alfredo Pujol, comprovou a agressão e gerou o afastamento de policial. De acordo com a corporação, ele está fora dos serviços de rua até o final das investigações.
Como mostra o vídeo obtido pela Ponte, o PM tenta imobilizar um estudante menor de idade com um dos braços. Com o outro, aponta o cassetete em direção à multidão de alunos que assistem a cena e gritam para o homem soltar o garoto.
Relatos apontam que o estudante teria provocado o policial mostrando o dedo do meio e, em seguida, houve a reação. “Uma menina tentou defender, mas ele veio com o cassetete e dando chutes”, relata uma estudante que viu a cena.
Procurada para explicar o caso, a direção da Escola Estadual Alfredo Pujol alegou que não poderia dar explicações e orientou a reportagem a procurar oficialmente a Diretoria de Ensino de Bauru, à qual o colégio está submetido, mas o órgão silenciou diante do pedido de esclarecimentos.
A Ponte questionou o motivo de o PM estar dentro do colégio no horário de aula, se foi a direção da Alfredo Pujol que solicitou o apoio do policial e, caso sim, qual seria a explicação para tal pedido.
A PM confirmou que um inquérito policial para apurar a atuação do policial está em andamento no batalhão onde ele trabalha. “O policial militar foi identificado e afastado das atividades operacionais até o término da apuração”, explica a pasta, citando o acompanhamento da Corregedoria. O PM fará trabalhos administrativos neste período.
Há dez dias, uma situação semelhante aconteceu, dessa vez na Escola Estadual Neves Prado Monteiro, em Santos, no litoral sul paulista. Um aluno de 17 anos e envolveu em uma discussão com a coordenadora e a direção da instituição decidiu acionar a polícia, que chegou ao local e promoveu forte repressão aos estudantes. À Ponte, M. conta que os PMs pediram que todos os alunos saíssem da sala, mas metade deles ficou, em apoio ao colega. Quando os policiais tentaram algemar M., parte dos estudantes foi para cima dos PMs, que reagiram com golpes de cassetete e spray de pimenta. “Teve gente que desmaiou e vomitou com o gás”, relata. O estudante M. acabou sendo expulso.
Assim como no caso de Pirajuí, a escola preferiu não comentar o assunto. Em nota, a Diretoria Regional de Ensino de Santos, da Secretaria Estadual da Educação, da gestão Márcio França (PSB), “tomou todas as medidas pedagógicas cabíveis e convocou os pais do aluno para reunião”.