De acordo com manifestantes, PM não quis dialogar e ato contra a reforma do Ensino Médio, realizado na zona oeste de SP, terminou com bombas e balas de borracha
Um protesto contra a reforma do Ensino Médio realizado em São Paulo, nesta terça-feira (25/9), terminou com bombas de gás lançadas pela Polícia Militar, disparos de bala de borracha epelo menos 8 detidos. O ato foi convocado pelo movimento secundarista e questiona, basicamente, a reforma do Ensino Médio, aprovada no ano passado, e a BNCC (Base Nacional Curricular Comum), que ordena a formação de currículos na rede de ensino de todo o Brasil. Segundo os críticos, a reforma como foi proposta elimina conteúdos, reduz a formação crítica (por causa da extinção da obrigatoriedade de algumas matérias), precariza o trabalho docente e abre as portas para a privatização da educação básica.
O entendimento com relação às reformas na área de educação é objeto de divergências até mesmo para quem está dentro do processo. Há cerca de dois meses, o presidente da Comissão da BNCC, César Callegari – ex-secretário municipal da Educação de São Paulo – renunciou ao cargo por ser contrário ao que foi proposto. “O fato é que sobre todos esses problemas, não posso e não vou me calar. Lembrando Paulo Freire: não basta denunciar, também é necessário anunciar”, chegou a escrever na carta-renúncia.
A reforma do Ensino Médio tem pautado as recentes mobilizações do movimento secundarista. O protesto desta terça-feira foi divulgado pela página do Facebook “Secundaristas em luta São Paulo” e a concentração foi marcada para o fim da tarde, na altura da estação Hebraica-Rebouças da CPTM, na Marginal do Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. A PM estava acompanhando e, segundo manifestantes, se negou a aceitar o que os estudantes tinham decidido com relação ao trajeto alegando que havia pouca gente e que não poderiam ocupar a via.
Os estudantes então decidiram fazer um “travamento” no cruzamento das avenidas Faria Lima e Rebouças. O bloqueio contou com a participação de cerca de 50 estudantes e durou pouco mais de meia hora, quando os policiais passaram a conduzir o grupo para o Largo da Batata. Segundo informações de manifestantes, próximo da entrada de estação de metrô Faria Lima, os policiais decidiram dispersar o grupo com bombas de gás e alguns disparos de bala de borracha. Com a chega do reforço policial, um grupo de manifestantes foi enquadrado, revistado e detido. Os 8 jovens foram levados para o 14º Distrito Policial por “desacato, resistência e desobediência e ato infracional”, de acordo com a SSP. Todos foram liberados por voltas das 23h desta terça-feira.
A Ponte questionou a SSP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo) sobre o motivo das detenções e sobre a necessidade do uso de bombas e bala de borracha para dispersar o grupo. Em nota, a assessoria privada da SSP, In Press, informa que a corporação foi agredida pelos manifestantes e, por isso, reagiu. “A PM informou que durante manifestação, algumas pessoas arremessaram pedras nos policiais”. Ainda, segundo a nota, três jovens e cinco adolescentes foram “encaminhados para o 14º DP, onde o caso está sendo registrado como desacato, resistência, desobediência e ato infracional. Objetos e pedras usados pelos manifestantes também foram apreendidos”.