Organizado pelo Movimento Passe Livre, protesto começou em frente ao Theatro Municipal e seguiu pelas vias do centro até rua da Consolação; após dispersão, um banco foi depredado na avenida Paulista
Nesta quinta-feira (10/1), manifestantes se reuniram no centro de São Paulo, em ato organizado pelo MPL (Movimento Passe Livre), para protestar contra o aumento da tarifa do transporte público municipal e estadual. A passagem do ônibus e metrô aumentou de R$ 4 para R$ 4,30. O reajuste dos ônibus está valendo desde segunda-feira (7/1) e o metrô passa a valer na próxima semana. A integração, entre trilhos e ônibus, vai de R$ 6,96 para R$ 7,48. O reajuste foi de 7,5%, mais alto do que a inflação que ficou um pouco abaixo dos 4%.
Antes mesmo de começar o ato, que teve concentração em frente ao Theatro Municipal de São Paulo, seguiu pela Consolação até o cruzamento da Rua Fernando Albuquerque, onde dispersou, a Polícia Militar abordou uma garota que seguia pela ciclovia no Viaduto do Chá a poucos metros do teatro e estava com o rosto parcialmente coberto com lenço. A imprensa questionou o Caep (Companhia de Ações Especiais) qual a motivação da abordagem e a resposta foi um empurra-empurra promovido pelos agentes contra os jornalistas e fotógrafos ali presentes, impedindo que os profissionais vissem a forma como estava sendo realizada a revista na jovem, utilizando os escudos para afastá-los.
A estudante Amanda Lordelo Vicente, 22 anos, conta que não conseguiu entender o motivo da abordagem, que os policiais a cercaram e a seguraram pelo braço. “Eles me levaram para trás dos ônibus [da PM] com a outra tropa cobrindo os dois lados, puxaram tudo e questionaram por que eu não tinha parado. Expliquei que estava sozinha e não havia entendido a abordagem e por isso não parei. Então eles disseram que não era pra eu fazer isso de novo e não era para cobrir o rosto”, relatou à Ponte. Ela foi liberada em seguida e permaneceu participando da manifestação.
Antes e após a abordagem, policiais trajados com coletes azuis identificados como “mediadores” passaram a conversar com as representantes do MPL sobre o trajeto do ato. O movimento queria seguir do Theatro até a sede da Prefeitura de São Paulo, pelo Viaduto do Chá, pela Rua São Bento, passando pelas avenidas São João e Ipiranga para seguir pela Rua da Consolação e finalizar a passeata na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista. O tenente Crúvel, durante o diálogo, no entanto, insistia para que o caminho terminasse na Praça Roosevelt ou, no máximo, até a altura do Cemitério da Consolação. A justificativa, segundo o PM, era que a região da Avenida Paulista é “cheia de hospitais”, que era preciso “garantir o direito de ir e vir” das pessoas. As negociações do movimento com a polícia se deram durante todo o percurso, pelo menos cinco vezes, de acordo com contagem da reportagem.
A passeata transcorreu pacificamente até o destino imposto pela Polícia Militar, na Rua da Consolação, no cruzamento com a Rua Fernando Albuquerque, em frente ao Cemitério da Consolação. O ato, que saiu às 18h30, terminou por volta das 20h40. Durante o jogral, o MPL anunciou que a próxima manifestação está marcada para quarta-feira (16/01), no mesmo horário, com ponto de concentração na Praça do Ciclista. A organização do movimento afirma que 20 mil pessoas ocuparam as ruas.
Após o encerramento e a dispersão dos participantes, pelo menos 50 pessoas continuavam no local. A PM relutou em permitir a passagem dos que queriam seguir pela Rua da Consolação em direção à estação Paulista do metrô. Os policiais fizeram um corredor para que um por um passasse e seguisse por esse caminho.
Na Avenida Paulista, uma agência da Caixa Econômica Federal teve as vidraças quebradas com tijolos. Próximo à estação Consolação do metrô, a poucos metros do banco, a PM lançou duas bombas de gás lacrimogêneo. Segundo manifestantes, a ação se deu porque havia pessoas com bandeiras de movimentos sociais. A Ponte também presenciou duas abordagens a pessoas que passavam na avenida, na altura do Shopping Center 3. De acordo com os policiais, eles estavam abordando gente que estava com máscara no rosto por conta da depredação da agência. Ninguém foi detido.