PerifaCon lança financiamento recorrente para realizar segunda edição

    O objetivo dos idealizadores da Comic Con da Favela é remunerar o time e levar o evento para outras periferias de SP; a primeira edição contou com mais de 4 mil visitantes

    Primeira edição do evento reuniu 4 mil pessoas e teve concurso de cosplay | Foto: Rosa Caldeira/Ponte Jornalismo

    Depois do sucesso da primeira edição, que reuniu mais de 4 mil pessoas no Capão Redondo, zona sul de SP, a PerifaCon começa a estruturar a segunda edição do evento que promete trazer ainda mais nerd, geek e pop para as favelas. Para realizar a próxima edição, eles começaram um financiamento recorrente, para conseguir um local de trabalho adequado e remunerar o time que faz o evento acontecer.

    Andreza Delgado, uma das criadoras da Comic Con da favela, explicou à Ponte o que levou o grupo, composto por pessoas periféricas e majoritariamente negras, a começar o crowdfunding. “Na primeira edição, tudo foi pensado em um prazo muito curto. Quando a gente conta as pessoas ficam até espantados, mas dentro do próprio processo de estruturar o PerifaCon teve gente que perdeu o emprego, a gente tomou várias broncas no trabalho, a gente fez toda a programação e organizou praticamente todo o evento de madrugada. Então os horários eram surreais, das 22 h às 05 h, alterou toda a nossa vida pessoal, foram muitas reuniões seguidas, muitas madrugadas”, conta Andreza.

    O financiamento foi pensado em 3 etapas: atingindo a primeira meta, o grupo vai usar o dinheiro nas questões administrativas, como ter um local para trabalhar; com a segunda, eles irão remunerar os idealizadores, para que elas possam ter dedicação total ao PerifaCon, e, por fim, conquistando a terceira meta, o grupo vai investir em equipamentos para produzir conteúdo e realizar a cobertura das próximas edições.

    Para Andreza, investir no PerifaCon é investir na democratização do acesso para esse tipo de conteúdo. “Pensar esse financiamento para estruturação do PerifaCon, não é só pensar no PerifaCon, mas que com estrutura poderemos avançar na construção coletiva da democratização do acesso à cultura nerd, geek e pop para as periferias e favelas. Isso é um grande nicho, é um mercado, mas a barreira do próprio preconceito não permite que as pessoas entendam. Essa estrutura mais tranquila [do PerifaCon] vai acarretar mais passos para a democratização da cultura nerd e geek para mais favelas não só de SP, mas do Brasil”, defende.

    Além disso, o PerifaCon chegará em outras quebradas. “A ideia é que a gente possa fazer a próxima edição em outra quebrada e que seja tão boa quanto a primeira. Essa discussão que evidenciamos foi sobre quanto as pessoas são produtoras e consumidoras desse tipo de cultura, o quanto elas são negligenciadas pelas grandes empresas e marcas, o quanto elas não têm um espaço de publicação que fale com elas, que consiga transmitir a mensagem sem ser estereotipante também”, garante Delgado.

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