Jovens de 18 anos registraram queixa por injúria e lesão corporal; uma das vítimas alerta para ‘onda de ódio’ que segue crescente no país
As jovens estudantes Isabella Daier e Tais Pompeu, ambas de 18 anos, afirmam ter sido agredidas em decorrência de uma divergência política, em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (1/8). As amigas estavam no vestiário de uma unidade da academia Bodytech e começaram a criticar o governo Bolsonaro e os recentes posicionamentos extremistas, quando foram agredidas verbal e fisicamente por uma mulher. As duas registram um boletim de ocorrência contra a suposta agressora.
Em conversa com a Ponte, Isabella e Taís explicaram que estavam tendo uma conversa informal. “Eu terminei de malhar mais cedo e fui para o vestiário, onde encontrei a agressora”, explica Taís. “Após assistirmos a uma matéria na TV sobre o governo Bolsonaro, nós começamos a conversar sobre política e logo ela começou a dizer que na ditadura a vida era melhor e coisas do tipo. Eu discordei de forma civilizada e no meio desse debate a Isabella chegou e começou a conversar sobre o assunto, também de forma tranquila”.
A estudante de história Isabella confirmou à reportagem o relato da amiga, pontuando que com o passar do tempo a agressora foi ficando cada vez mais exaltada. “Ela chegou nos xingar de vagabundas e alienadas e a dizer que tinham que matar pessoas de esquerda. Quando chegou nesse ponto, eu pedi para a Taís que fôssemos embora porque aquilo não daria em nada”.
Na saída do vestiário, porém, a agressora seguiu as jovens, empurrando ambas e agredindo Isabella com uma garrafa térmica na testa.
“Eu fiquei em choque porque tentamos o máximo possível conversar com a mulher, que continuou tentando nos agredir mesmo após ser controlada por pessoas da academia”. Após acionarem a polícia militar, a agressora tentou fugir do local mas, segundo as jovens, foi impedida por funcionários.O caso foi levado para a 10º DP de Botafogo, onde foi feito o Registro de Ocorrência, ao qual a reportagem teve acesso.
A psicopedagoga Aline Pinheiro, 37 anos, mãe de Isabella, expôs o ocorrido nas redes sociais e atentou para a covardia do ato. “Minha filha foi ensinada a argumentar com embasamento e ignorar pessoas sem argumentos sólidos. Foi exatamente o que ela fez, ao perceber o desequilíbrio da mulher e dar as costas para deixá-la falando sozinha, foi covardemente agredida por trás”.
Para Isabella infelizmente não deve haver maiores consequências criminais para a agressora. Por isso a jovem está tentando chamar atenção para o caso. “Imagina se essa mulher estivesse com uma faca. Eu estou me expondo porque quero alertar pra essa onda de ódio que está dominando o país.”
A Ponte tentou contato com a suposta agressora, no início desta manhã, mas até a publicação da reportagem não houve resposta.
A reportagem também entrou em contato com a academia Bodytech por e-mail, mas até agora não obteve resposta sobre o ocorrido em sua unidade .
De acordo com 10ª DP (Botafogo), o caso, a princípio, foi registrado como injúria e lesão corporal. Imagens das câmeras de vigilância foram pedidas para se apurar a materialidade do fato.