Reitoria da UFPel (RS) decidiu cancelar as matrículas das 24 pessoas do curso de medicina. Denúncia foi publicada pela Ponte Jornalismo em 9 de dezembro deste ano
Estudantes brancos que fraudaram o sistema de cotas para negros e indígenas para entrar no curso de medicina da UFPel (Universidade Federal de Pelotas), do Rio Grande do Sul, foram expulsos da instituição. A decisão foi confirmada nesta sexta-feira (30/12). A reitoria decidiu cancelar as matrículas e desligar, ao todo, 24 pessoas. Nota publicada no site da própria universidade diz que a resolução foi “em função do não reconhecimento da condição de cotistas”.
Os estudantes que fraudaram o sistema, que tiveram seus recursos negados, já foram comunicados do desligamento. A faculdade de medicina também já foi notificada das expulsões. Para preencher as vagas, a reitoria da Universidade decidiu que abrirá um edital no começo de 2017 para a transferência de cotistas do segundo ao sétimo semestres (períodos em que estavam os estudantes que perderam as vagas).
As investigações sobre as fraudes aconteceram graças à denúncia feita pelo Setorial de Negros e Negras da UFPel. Depois disso, foi instaurada uma comissão de avaliação de autodeclaração de etnia, para conferir e emitir um parecer sobre sua veracidade. As avaliações seguiram orientações do MPF (Ministério Público Federal), que destacaram os critérios fenotípicos (características físicas observáveis).
Um estudante negro da instituição comentou a decisão e disse que as investigações precisam, agora, “partir para os outros cursos” da UFPel. De acordo com a professora Georgina Helena, chefe do núcleo de ações afirmativas e diversidade, a decisão mostra que “a UFPel avança no processo de democratização da universidade em termos de diversidade”.
– Não se trata de “vagas”. Trata-se de um projeto de universidade e sociedade que coíba a hegemonia daqueles que insistem na manutenção de privilégios individuais.
Segundo a professora, ao denunciarem a fraude, os cotistas se colocam como sujeitos de controle e cobrança para que “a justiça se reestabeleça frente a estes ‘abalos’ aos direitos adquiridos”. Ela afirma que a UFPel foi minuciosa, rigorosa e respeitosa no trato com os dados levados pelos denunciantes e denunciados.