Artigo | Governo Alckmin suprime direito de manifestações independentes

    Quando a manifestação não tem apoio das estruturas do PT e nem é conveniente para o governo, direito de protesto é simplesmente suprimido

    É realmente notável a maneira seletiva com que a Secretaria de Segurança Pública do governador Geraldo Alckmin (PSDB) trata manifestações de rua na cidade de São Paulo. É uso político da polícia feito de maneira aberta.

    Quando o manifestação é independente, isto é, quando não tem apoio nem das estruturas institucionais ligadas ao PT e nem é conveniente para a agenda política do governo do Estado, o direito de protesto é simplesmente suprimido. Isso acontece desde os protestos contra a Copa do Mundo e tem sido a regra no tratamento dado ao movimento secundarista e ao Movimento Passe Livre.

    Na terça-feira (23/1), o governo de São Paulo enviou inacreditáveis 200 policiais, uns 20 deles encapuzados e vários armados com espingardas de bala de borracha e granadas de estilhaço em posição de combate. O prefeito João Dória (PSDB) também enviou homens da GCM que agora vêm vestidos com roupas camufladas, como se estivessem na Amazônia.

    Esta quantidade desproporcional e desnecessária de policiais militares ou militarizados bloqueou as duas vias da São João e uma das vias da Ipiranga, cercando os jovens e impedindo que se locomovessem. Pelo menos quatro deles foram presos antes da manifestação começar com acusações vagas. Dezenas abandonaram o protesto quando viram que estavam cercados e que manifestantes estavam sendo detidos.

    Segundo o comando da operação, havia ordem para que a manifestação não saísse para a Avenida Paulista (outra vez a alegação flagrantemente inconstitucional que só vale para os autônomos). Os jovens ficaram lá, presos, cercados de policiais por todos os lados, tendo que escolher se abandonam seu direito constitucional de protestar ou tentam sair, apenas para serem trucidados pelos brutamontes do governador.

    (*) Pablo Ortellado é professor do curso de Gestão de Políticas Públicas da USP. O artigo acima foi originalmente publicado nas redes sociais do autor e reproduzido com sua autorização.

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