Enfrentamos em 2024 mudanças na composição da nossa equipe jornalística e de redes sociais, além de um momento agudo de crescimento da letalidade policial
Como dissemos na última carta do ano, 2024 foi desafiador para a Ponte, tanto financeira quanto editorialmente. No primeiro caso, contamos com o suporte essencial de leitores e apoiadores para nos manter de pé. No segundo, com a combatividade de sempre de uma equipe de não mais que uma dezena de pessoas — dos quais dois repórteres e um editor — para dar conta da complexa e violenta realidade social brasileira.
Enfrentamos, simultaneamente, mudanças grandes na composição da nossa equipe jornalística e de redes sociais, além de um momento agudo de crescimento da violência e da letalidade policial sob o governo Tarcísio de Freitas e seu secretário da segurança Guilherme Derrite — em uma política deliberada de confronto com resultado nulo na melhoria da segurança das cidades paulistas. O racismo institucionalizado e o genocídio da juventude negra que a Ponte vem denunciando há mais de uma década foi reforçado por falas políticas irresponsáveis como o “tô nem aí” do governador.
E como água mole em pedra dura tanto bate até que fura, o muro de proteção em torno de Tarcísio — o “bolsonarista moderado”, candidato favorito de parte da grande imprensa no país — trincou. O desgaste político aparentemente pôs algum freio na máquina da morte posta em funcionamento pela atual política de segurança pública paulista. E avaliações como a feita pelo coordenador do Sou da Paz Rafael Rocha à nossa repórter Catarina Duarte de que a Operação Verão deste fim de ano seguiria os moldes pré-Tarcísio e Derrite até agora se confirmaram.
Um recuo estratégico, evidentemente, e que não atenua os números espantosos de mortos pela PM em 2024 em comparação a anos anteriores, mas ainda assim uma pequena vitória a ser celebrada. A Ponte, no entanto, segue fiscalizando de perto operações policiais como a que ocorre neste momento em Paraisópolis, deixando a comunidade apreensiva e temerosa.
Desejamos um início de ano energético e esperançoso aos nossos leitores e contamos com o suporte de sempre para prosseguir na missão de ampliar as vozes das vítimas da violência de Estado — com rigor e equilíbrio jornalístico, mas com a ênfase dos indignados diante da injustiça cotidiana que se vive no Brasil, particularmente nas periferias. 2025 é nosso.
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