Guilherme Taucci Monteiro, 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, 25 anos, são ex-alunos da escola; o dono de uma loja de veículos, tio de um dos assassinos, foi morto e 7 pessoas assassinadas dentro da escola. A dupla se suicidou
A identidade dos dois atiradores que entraram na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na Grande São Paulo, nesta quarta-feira (13/3) foi divulgada: Guilherme Taucci Monteiro, 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, 25 anos. De acordo com testemunhas, Guilherme é ex-aluno, estudou na escola até o ano passado e teria sido vítima de bullying. O ataque aconteceu na hora do intervalo das aulas no turno da manhã. Depois de invadirem a escola armados com revólver calibre 38, arco e flecha, carregadores e uma machadinha, matarem pelo menos 8 pessoas – entre as vítimas, 5 alunos -, Guilherme e Luiz se suicidaram. Antes de chegar no local do ataque, a dupla matou o proprietário de uma locadora de veículos, Jorge Antonio Moraes, tio de Guilherme. O Ônix branco usado para chegar até o colégio havia sido alugado quase três semanas antes do crime.
As vítimas, até o momento, confirmadas pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo são a coordenadora pedagógica Marilena Ferreira Veira Umezo e a funcionária Eliana Regina de Oliveira Xavier, e os estudantes, que tinham entre 15 e 16 anos, Pablo Henrique Rodrigues, Cleiton Antonio Ribeiro, Caio Oliveira, Samuel Melquiades Silva de Oliveira e Douglas Murilo Celestino.
“Eu tava comendo. Foi uns cerca de 30, 40 tiros. Foi bastante. Eu consegui ver de costas um dos atiradores, mas não conhecia”, afirmou um estudante de 16 anos do 1º ano do Ensino Médio. “Primeiro eles foram no pátio e atiraram em uma funcionária e depois foram para o corredor onde eles se mataram”. De acordo com o Corpo de Bombeiros, pelo menos 23 pessoas precisaram de atendimento médico e 9 pessoas foram feridas pelos disparos.
Minutos após os ataques, pelas redes sociais como Facebook e Whatsapp, circularam vídeos mostrando o terror e desespero das pessoas minutos após o ataque. Andreia dos Santos, mãe de uma estudante de 15 anos do 1º ano do Ensino Médio que sobreviveu ao ataque, conta o que aconteceu. “Ela estava na cantina lanchando quando ouviu alguém gritando ‘é bomba’. Aí disseram ‘é tiro, corre todo mundo’. quando ela olhou para o lado, ela viu a professora caindo no chão já cheia de sangue. Teve gente pisoteada e aí gritaram para correr para o banheiro e se esconder. Ela disse que os tiros continuaram e ela ficou escondida. Minha filha disse que os dois entraram encapuzados atirando. Foi Deus que salvou minha filha”, relatou. “Ela está em estado de choque, mas está bem, está viva”.
Integrante da Pastoral da Saúde que atua na região, Beth Carvalho contou à Ponte que estava indo no Hospital Santa Maria, vizinho da escola, quando ouviu os disparos. “De segunda e quarta, nos rezamos aqui no hospital, fazemos um trabalho pastoral. Quando a gente chegou hoje, no minuto seguinte começou os tiros. Eu liguei para a polícia e postei no Facebook pedindo ajuda”, disse.
João Camilo Pires de Campos, secretário de Segurança Pública, destaca que a PM chegou ao local da ocorrência e conseguiu evitar novas vítimas. “Eles estavam prestes a entrar em uma sala com dezenas de alunos, quando deram de cara com a Força Tática já no interior do colégio e acabaram se suicidando. Eles não conseguiram entrar nessa última sala. O atirador mais novo tem um histórico de problemas na escola e teria saído antes da conclusão do ano passado”, explicou em coletiva de imprensa no início da tarde desta terça-feira.
O coronel Marcelo Vieira Salles, comandante da PM paulista, destaca o modus operandi da ação e lembra outros ataque do tipo, como o Massacre de Realengo, ocorrido em uma escola do Rio de Janeiro, e dois ocorridos em SP: no cinema do shopping Morumbi nos anos 90 e na catedral de Campinas recentemente. “Atirar de maneira aleatória procurando provocar o maior dano possível. Eles tinham uma besta, que é um arco e flecha, uma machadinha e um revólver calibre 38. Foi encontrada uma peça para recarregar o revólver”, diz Salles, destacando o indício de que o ataque poderia ser maior.
O secretário de Educação de SP, Rossieli Soares, afirma que no momento do ataque cerca de 450 alunos estavam na escola e, consternado, revela que foi muito difícil encontrar as famílias das vítimas. “Estávamos conversando com as famílias, queremos saber como ajudar. Como a gente apoia as famílias das vítimas, considerando todos os traumas, toda essa tragédia que aconteceu. Olhar para uma mãe que perdeu seu filho, não existe uma dor maior que uma mãe perder seu filho”, declarou.
Rossieli conta que Guilherme teria conseguido entrar na escola sem dificuldades, porque alegou que queria retomar os estudos, abandonados no ano passado.
Abalado, o prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi (PR), estava em uma agenda em Brasília e precisou retornar às pressas. “É impactante para a gente que vive na cidade. Não tem comparação [com outras tragédias]. Amanhã e sexta ás aulas estão suspensas, e vamos pensar nas medidas necessárias. Um episódio triste para a educação. É uma escola tradicional, localizada na área central da cidade. A prefeitura disponibilizou psicólogos e profissionais da área da saúde para atendimento às famílias”, declarou.
Repercussão
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) levou mais de 6 horas para se manifestar sobre a tragédia. Bolsonaro, que é bastante ativo nas redes sociais, fez sua primeira postagem sobre o tema somente às 16h.
Presto minhas condolências aos familiares das vítimas do desumano atendado ocorrido hoje na Escola Professor Raul Brasil, em Suzano, São Paulo. Uma monstruosidade e covardia sem tamanho. Que Deus conforte o coração de todos!
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) March 13, 2019
Até o presidente da Bolívia, Evo Morales, se manifestou sobre a tragédia quatro horas antes do brasileiro.
Condenamos el tiroteo en una escuela de #Brasil que dejó varios muertos incluyendo menores. Nuestras condolencias, a nombre del pueblo boliviano, a las familias de las víctimas. Somos un país pacífico que sabe que el uso de armas no soluciona nada y más bien genera más violencia.
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) March 13, 2019
No Supremo Tribunal Federal também houve manifestação pública. “É com profundo pesar que recebemos a noticia de uma tragedia que tirou a vida de estudantes, professores e funcionários. Em nome da corte manifestamos o nosso sentimento de pesar e sentimento às vitimas e às famílias e a toda sociedade que é também vítima desse tipo de tragedia. Violências como essa não fazem parte da nossa cultura. Não podemos aceitar que o ódio entre em nossa sociedade”, declarou o presidente do STF Dias Toffoli.
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