Sob gritos de “abaixo Bolsonaro”, movimentos sociais, estudantes e trabalhadores foram às ruas nesta quinta-feira (11) defender justiça, urnas eletrônicas e cobrar fim das desigualdades
A pouco menos de dois meses das eleições, uma mobilização feita por entidades, movimentos sociais e estudantes marcou a defesa da democracia e do atual sistema eleitoral durante toda esta quinta-feira (11/8) no centro da capital paulista. Logo pela manhã, às 10h, dois manifestos foram lidos na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) que lembrou as vítimas da ditadura militar. Já no fim da tarde, por volta das 17h, uma manifestação em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) na Avenida Paulista marcou reinvindicações pelo direito à educação e cobrou o fim da fome, do racismo e do governo Jair Bolsonaro (PL).
O 11 de agosto é considerado simbólico por marcar o Dia do Estudante, a criação dos cursos de direito da USP e a leitura de uma carta pela democracia e contra ditadura militar em 1977. Manifestantes ergueram cartazes, faixas e uma urna eletrônica inflável com os dizeres “Respeite o voto” e também lembraram das mais de 681 mil vítimas da pandemia de Covid-19. Uma delas foi o marido da assistente social Claudia Reis, 47, que durante o ato denunciou as falas antivacina e a indiferença do presidente com as famílias enlutadas.
“Aconteceu uma tragédia e uma desgraça na minha vida. A tragédia foi ter perdido meu marido e a desgraça foi ter Bolsonaro em plena pandemia. Eu passei ali no corredor de policiais e vários deles fizeram piada da minha dor, riram, cutucaram um ao outro com provocação porque é assim que eles fazem. É muito doído para mim, como mãe e esposa, ter que passar por um bando de homens fardados rindo da minha dor. É isso que Bolsonaro vai proporcionar no dia 7 de setembro”, afirmou à Ponte.
A forte presença da Polícia Militar, inclusive com a cavalaria, também chamou atenção dos manifestantes. Lideranças sindicais, de movimentos pelo direito à moradia e à educação discursaram em carros de som que acompanharam a caminhada na Avenida Paulista. O professor, ativista e um dos coordenadores nacionais do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, pré-candidato a deputado federal pelo PSOL, afirmou que é preciso aprofundar a democracia brasileira.
“A gente sabe muito bem que não existe uma democracia verdadeira e completa numa sociedade onde o povo passa fome, onde o povo não tem teto, num Brasil com intolerância, violência contra mulher e com racismo. Por isso a nossa luta é pela democracia, mas para avançar nos direitos”, apontou.
Em outro momento, as ameaças de golpe antes das eleições, a corrupção e o papel dos militares foram lembrados nos discursos. “Nós estamos na rua também para denunciar os militares fascistas que querem dar um golpe no nosso país, que sabem que o povo não vai reeleger Bolsonaro para presidente e que querem botar fim a democracia. Estão tentando dar o golpe mas não sabem que nós somos a maioria do povo”, disse Isis Mustafa, 25, estudante de políticas públicas.
O ato foi encerrado por volta das 20h30 de forma pacífica na Praça do Ciclista, na altura da Rua da Consolação. Veja abaixo mais imagens do protesto: