‘Puxarão 30 anos de cadeia’, diz avó de Guilherme, morto aos 15 anos, sobre denúncia contra PM e ex-PM

    Adolescente foi sequestrado e assassinado há dois meses e MP denunciou suspeitos; protesto na Vila Clara, zona sul de São Paulo, reuniu amigos e familiares por justiça

    Dona Antônia gostaria de mais agilidade na resposta da Justiça | Foto: Arthur Stabile/Ponte Jornalismo

    Familiares de Guilherme Guedes, 15 anos, sequestrado e morto há dois meses, comemoraram a denúncia do Ministério Público contra um PM e um ex-PM pelo crime. Na madrugada de 14 de junho, o adolescente foi pego em frente à casa dele, na Vila Clara, na zona sul de São Paulo, e encontrado morto em Diadema, cidade vizinha.

    Neste domingo (16/8), um novo protesto ocorreu na Vila Clara, com cerca de 30 manifestantes dando apoio aos familiares. A Rede de Proteção e Resistência contra o Genocídio puxou o ato.

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    Na sexta-feira (14/8), o Ministério Público de São Paulo denunciou o PM Adriano Fernandes de Campos e o ex-PM Gilberto Eric Rodrigues por homicídio qualificado. Adriano era dono de uma empresa que prestava serviço de segurança privada de forma irregular para a Globalsan, empresa terceirizada da Sabesp.

    O promotor Neudival Mascarenhas Filho classificou que eles mataram por “motivo torpe, com emprego de meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima, mediante disparos de arma”. Os dois ainda “atuaram como milícia privada”, nas palavras do promotor.

    Avó da vítima, dona Antônia Arcanjo exalta o fato de um dos acusados estar preso. “Se não deixar ele [Adriano] sair, deixar preso, já é uma ótima notícia”, afirma.

    O outro acusado, o ex-PM Gilberto, é procurado desde 2015, quando fugiu do Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte de São Paulo, conforme revelou reportagem da Ponte em 2015. Ele respondia por participação na chacina do Jardim Rosana, quando 7 pessoas foram mortas em 2013.

    “Uma hora eles vão conseguir [pegá-lo]. E quando pegar, tenho fé em Deus que vão puxar os 30 anos de cadeia”, afirma.

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    Segundo a denúncia do MP, Adriano e Gilberto foram ao local em um veículo registrado em nome do filho do PM. Deixaram o carro no canteiro de obras e saíram a pé para localizar os garotos que teriam entrado no local.

    A dupla abordou Guilherme na rua Rolando Curti, quando ele havia acabado de sair de sua casa e não tinha a ver com a invasão na obra.

    Embora animada com a denúncia, dona Antônia afirma que a família está ansiosa e queria mais agilidade na ação da polícia. “Nós queríamos que estivesse mais avançado, que tivessem pegado ele [Gilberto]”, declara.

    A avó diz que esse tempo de dois meses parece não ter passado para eles. “Parece que foi ontem isso aí. Para todo lado que você olha, vê ele, pensa nele. Só de saber que ele nunca mais vai aparecer aqui, doí demais”, lamenta.

    Outro lado

    Procurados pela Ponte ainda nas sexta-feira, quando o MP ofereceu denúncia à Justiça, os advogados Renato Soares do Nascimento e Mauro Ribas, que cuidam da defesa do PM Adriano, informaram que discordam da denúncia. “O Adriano não cometeu crime algum. A denúncia é absurda. O que tem nesse processo é uma imagem do Adriano no canteiro de obras, isso é fato, ele estava lá, mas ele não pegou o Guilherme, não colocou ele no carro, isso não existiu”, diz Nascimento. “No poder Judiciário, vamos provar isso”, completa. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Gilberto até o momento.

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    A Globalsan, apontada como proprietária do galpão e portanto a contratante do serviço da empresa do PM Campos, se manifestou, em julho, sobre o caso. Pelo Whatsapp, o diretor administrativo Eduardo Satake respondeu que “a empresa já prestou todos os esclarecimentos junto ao DHPP”.

    A Sabesp informou que o local não pertence à companhia. “Trata-se de área particular, apartada, que serve de canteiro de serviços de empresa contratada por licitação. A Sabesp lamenta o ocorrido e está à disposição das autoridades policiais no que for necessário”.

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