Homem foi atingido no peito, ombros e cabeça enquanto trabalhava em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo. A Ouvidoria da Polícia de SP fez denúncia ao MP (Ministério Público), Corregedoria da Polícia Militar e Polícia Civil.
O motoboy Carlos, nome fictício utilizado para preservar a vítima, renasceu no dia 29 de maio de 2015, quando, trabalhando, foi alvejado seis vezes: três no peito, uma vez em cada ombro e uma de raspão na nuca. “Só por Deus. Não era a minha hora. Deus foi tão forte naquele momento, que eu sequer sangrei”, diz a vítima à Ponte Jornalismo, no leito do hospital onde ainda se recupera. Seu estado de saúde é estável. Não só Carlos, mas a vizinhança toda da pizzaria onde a vítima trabalhava sabe quem são os autores dos disparos.
“São dois policiais militares. Na vizinhança, o boato é de que eles estão afastados da corporação de tanta gente que já mataram e, hoje, fazem bico em uma empresa de segurança privada. Eles pararam o carro, um Gol, prata, abaixaram o vidro e começaram a atirar. O carro é de um mesmo PM que sempre me abordou naquela região, mas nunca se dava por satisfeito, porque nunca conseguiu encontrar nada comigo”, afirma o motoboy, que faria uma entrega de pizza em Itaquaquecetuba, na Grande São Paulo.
“Eles sempre se estranhavam. Aqui na quebrada, todo mundo tem medo desse policial, o ‘S’. Ele e o outro PM, o ‘N’, que são ‘dedo mole’, estavam nesse carro aí. Eles atiram com gosto, só para ver o corpo cair mesmo”, diz um homem que mora próximo de onde ocorreu o atentado. A principal suspeita para o caso tem a ver com uma outra tragédia, ocorrida dois meses atrás.
Um garoto de 17 anos, sobrinho de Carlos, foi morto por policiais militares em um suposto confronto seguido de morte em Itaquaquecetuba. Os agentes envolvidos no caso afirmaram que o jovem estava em um carro roubado e atirou. As testemunhas dão outra versão. Quem diz ter visto a ação policial, relata que o jovem estava correndo dos policiais e foi morto próximo da linha do trem. Ele foi baleado nas costas.
Desde então, Carlos e um PM, que fazia a segurança patrimonial na região, começaram a se estranhar, com encaradas e troca de palavras ríspidas. O motoboy, sempre que o via em seu local de trabalho, lembrava que policiais militares mataram seu sobrinho. “Ele já chegou a falar que ia pegar ele [o motoboy]. Desde o ocorrido, ele nunca mais voltou a trabalhar. Se não deve nada, por que não continua trabalhando?”, diz uma moradora da rua em que Carlos foi atingido.
A Ouvidoria da Polícia de São Paulo enviou uma denúncia ao MP (Ministério Público), Corregedoria da Polícia Militar e Polícia Civil.
O ouvidor, Julio Cesar Neves, condenou a atitude dos PMs. “Foram lá ameaçar e tentar matar o cidadão. Efetuaram um desvio de conduta gravíssimo, devendo ser condenados pela própria corporação e até pela Justiça pública, através do Ministério Público e Poder Judiciário”.
[…] Por Luís Adorno, do Ponte […]