Em entrevista à Ponte, a ialorixá, líder comunitária, ativista anticárcere e egressa do sistema prisional fala de fé, amor e da luta por igualdade e liberdade
“Sou uma mulher preta, pobre, candomblecista, egressa do sistema carcerária e, portanto, uma sobrevivente”, assim a ialorixá Batia Jello, 53 anos, se define nos primeiros minutos da conversa com a Ponte, gravada no terreiro onde é dirigente, no Jardim São Roberto, zona leste de São Paulo.
Presa em 2008 envolvida em uma operação da Polícia Federal que tinha como foco parentes dela, a questão prisional permeou sua vida, já que, anos mais tarde, em 2015, dois filhos dela foram presos. Passaram 60 dias no Centro de Detenção Provisória de Mauá. “Conheci o que era o CDP de Mauá, a pior cadeia da Grande SP”, relata.
Os abusos que vivenciou no sistema prisional, não apenas estando dentro dele como sendo familiar de preso, a revoltou e motivou a ir para a luta.
“Procurei a Miriam e a Railda, fundadoras da Amparar [associação que presta auxílio a familiares de presos]. Elas, como guerreiras abolicionistas, como mães, assim como eu, me abraçaram, me acolheram, estiveram comigo. E eu nunca mais deixei a luta”.
Batia afirma que foi para a luta pelo sofrimento. “Eu acho que 90% das vezes a gente só vai para uma luta quando as coisas doem no nosso corpo”, diz. Para ela, o amor é a coisa mais importante. “Sou uma mulher que existe para resistir. Escolhi ser preta, vim em uma família pobre e o meu papel é lutar pela igualdade e pela liberdade. Sempre”, conclui.
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